Abertura do comércio provoca aglomerações suicidas em SP

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Foto: Alex Tajra/UOL

A reabertura de shoppings populares e galerias, após acordo do prefeito Bruno Covas (PSDB) com organizações que representam o setor, causou aglomerações nas regiões do Brás e do Pari, redutos tradicionais do comércio no centro de São Paulo, na manhã de hoje.

A reportagem presenciou ao menos dois grandes focos de aglomeração na rua Tiers, entre os dois bairros, próximos a shoppings que funcionam na região vendendo roupas e produtos de vestuário em geral.

Muitos clientes disputavam espaço nas ruas e calçadas, e uma imensidão de sacolas, sacos, carrinhos de compras e derivados dava o tom na região.

Segundo relatos de comerciantes do Brás, logo às 6h, no início do dia, houve muita aglomeração, com lojistas e clientes chegando às ruas do bairro.

Em algumas lojas, havia filas para a entrada de clientes. O UOL, no entanto, observou alguns locais que não estão seguindo todas as determinações, como medir a temperatura dos clientes.

Dezenas de policiais militares faziam ronda na região, mas não havia qualquer fiscalização da prefeitura.

A reportagem constatou que parte dos shoppings populares e galerias não respeitaram o horário de funcionamento e permaneceram operando após as 10h.

Alguns locais fecharam as entradas, mas os consumidores permaneceram dentro dos shoppings. As lojas de rua, liberadas ontem, também não respeitaram e abriram antes do permitido.

O horário de funcionamento para estas lojas, segundo o acordo firmado com a prefeitura, é das 11h às 15h.

Em outros locais do centro da cidade, como na avenida Paulista e na rua Santa Ifigênia, não houve a abertura das galerias e pequenos centros comerciais.

Enquanto os shoppings populares podem funcionar pela manhã, os grandes estabelecimentos voltam apenas às 16h de hoje, podendo funcionar até às 20h.

Os horários alternativos foram uma forma que o prefeito encontrou para que não houvesse lotações no transporte público. As lotações e aglomerações, no entanto, aconteceram nas calçadas e ruas.

Ontem, a situação foi semelhante, com ruas do Brás e região lotadas com a reabertura dos comércios de rua.

Segundo o prefeito Bruno Covas, “as regras para os estabelecimentos dentro do shopping seguem as mesmas regras para os que estão fora”.

Os estabelecimentos devem “dedicar atenção especial para restaurantes e praças de alimentação. Na fase laranja, conforme classificação do Plano São Paulo, o atendimento presencial não está autorizado, embora seja possível os restaurantes funcionarem no sistema de delivery ou retirada”, diz o protocolo firmado com a Prefeitura, citando o plano do governo de São Paulo elaborado na última semana de maio.

Segundo apurou o UOL, houve reclamação por parte de representantes dos shoppings em função do horário de funcionamento, reduzido a quatro horas por dia. A Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers), uma das organizações envolvidas na assinatura do protocolo, afirmou, no entanto, que não pediu à Prefeitura para que esse horário fosse ampliado.

A capital paulista foi classificada no nível laranja, a chamada “fase de controle”. Segundo o governo do Estado, que formulou a classificação, é uma “fase de atenção e início da flexibilização de setores com baixo risco para a saúde”.

A reabertura tem sido criticada por médicos por conta do aumento dos casos do novo coronavírus em São Paulo, que desde o início da pandemia tem sido o epicentro da doença. Ontem, a capital registrava o acumulado de 84,8 mil casos confirmados do novo coronavírus e 4,5 mil mortes decorrentes da covid-19.

Contabilizadas as mortes suspeitas, são mais de 9,5 mil vítimas na capital. Entre 8 de maio e 8 de junho, segundo a prefeitura, ao menos 2.210 pessoas morreram da doença.

Uol