Aliados pedem a Bolsonaro para arrumar um advogado de verdade

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Foto: REUTERS

O presidente Jair Bolsonaro tem sido aconselhado a não apenas se afastar de Frederick Wassef como também substituir o advogado no caso do filho, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), investigado por transações suspeitas envolvendo seu então assessor Fabrício Queiroz quando era deputado estadual no Rio de Janeiro. Queiroz foi preso nesta quinta-feira em um imóvel no interior de São Paulo de propriedade de Wassef, que defende Flávio no caso.

A ideia é trocar Wassef por um advogado que tenha trânsito e influência no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ). No caso do TJRJ, o objetivo é enfraquecer a investigação ainda na fase inicial.

Foram levantados nomes de advogados que também teriam influência no STJ já considerando a possibilidade de a investigação subir para a instância superior. Nessa situação, aliados alertaram Bolsonaro que seria importante ter um advogado com boa interlocução entre os ministros da Corte.

Bolsonaro tem sido aconselhado a convencer Flávio a fazer a troca de sua defesa. O presidente já chegou a conversar com outros advogados sobre as investigações do caso Queiroz que envolvem o filho.

Em 22 de janeiro, o presidente recebeu em seu gabinete no Palácio do Planalto o criminalista Eduardo Carnelós. Mas as conversas não avançaram. À época, Wassef negou qualquer possibilidade de ser trocado dos processos e afirmou que, a pedido do próprio Flávio, seria mantido à frente do caso.

Com quem conversa, Wassef faz questão de mostrar a proximidade com a família Bolsonaro. Ele é advogado também do próprio presidente no caso da facada que recebeu de Adélio Bispo durante a campanha eleitoral de 2018 e se tornou um frequentador habitual do Palácio do Planalto, onde Bolsonaro trabalha, e do Palácio da Alvorada, residência oficial.

Desde setembro do ano passado, Wassef já esteve ao menos 13 vezes em um dos dois locais, sendo sete vezes no Palácio do Planalto e outras seis na residência oficial. A última ida ao Planalto ocorreu na quarta-feira, véspera da prisão de Queiroz, quando Wassef participou da posse de Fábio Faria como ministro das Comunicações. Nem todas as visitas a Bolsonaro constam da agenda oficial do presidente.

Aliados de Bolsonaro traçam ainda a estratégia de reforçar a narrativa de que ele não tem nenhuma relação com as investigações que envolvem Queiroz. A ideia é distanciar ao máximo as apurações do ex-assessor do filho e amigo próximo da família do chefe do Executivo para evitar que o caso contamine o governo. Na estratégia, interlocutores do presidente vão frisar que a advogada de Bolsonaro é Karina Kufa e tentar construir uma explicação de que Frederick Wassef forçava uma aproximação com o presidente para se valorizar dessa relação.

O Globo