Bolsonaro e Mourão querem proibir protestos contra o governo
Foto: Reprodução/ Catraca livre
O presidente Jair Bolsonaro e o vice-presidente da República Hamilton Mourão reagiram com ataques aos atos de rua em defesa da democracia organizados por grupos da sociedade civil no fim de semana passado, e fizeram ameaças de forte repressão aos manifestantes contrários ao governo.
Com a perda da hegemonia dos grupos bolsonaristas nos protestos de ruas durante a pandemia, Bolsonaro classificou como “marginais” e “terroristas” os integrantes dos chamados grupos antifascistas que estão promovendo protestos contra o seu governo. “Não podemos deixar que o Brasil se transforme no que foi há pouco tempo o Chile. Não podemos admitir isso daí. Isso não é democracia nem liberdade de expressão. Isso, no meu entender, é terrorismo”, afirmou o presidente, em gravação divulgada por seus apoiadores.
O vice-presidente deixou de lado o tom moderado e classificou como um “abuso” os protestos contra o governo. Mourão chamou manifestantes de “deliquentes” ligados “umbilicalmente ao extremismo internacional”. Em artigo publicado ontem no jornal “O Estado de S. Paulo”, o vice-presidente estimulou a repressão aos atos, ao afirmar que “baderneiros são caso de polícia, não de política” e que “devem ser conduzidos debaixo de vara às barras da lei”.
Para Mourão, os atos realizados no fim de semana por grupos da sociedade civil e torcedores de diferentes clubes de futebol em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, em defesa da democracia e contra o autoritarismo e o governo, não são, na verdade, para defender a democracia.
“Baderneiros são caso de polícia, não de política”, afirmou Mourão no artigo. “Portanto, não me dirijo a eles, sempre perdidos de armas na mão, os que em verdade devem ser conduzidos debaixo de vara às barras da lei. Dirijo-me aos que os usam, querendo fazê-los de arma política; aos que, por suas posições na sociedade, detêm responsabilidades institucionais”.
Sem mencionar o protesto de bolsonaristas em frente ao Supremo Tribunal Federal no domingo, portando armas e tochas, o vice-presidente disse que a “legítima defesa da democracia” deve passar pela tolerância e diálogo.
Mourão criticou também o ministro Celso de Mello, do STF, por ter comparado a situação política do país à da Alemanha nazista. “Tal tipo de associação, praticada até por um ministro do STF no exercício do cargo, além de irresponsável, é intelectualmente desonesta.”