Bolsonaro intimida órgãos de controle em busca de impunidade
Assédio moral, pressões indevidas, fim da meritocracia na escolha de cargos de chefia, nomes sem qualificação controlando áreas técnicas, critérios ideológicos na definição das ações, estímulo à divisão interna, clima de caça às bruxas — com direito a ameaças de processos administrativos e monitoramento de redes sociais dos servidores. A julgar pelos relatos colhidos pela coluna, o pedido de demissão do ex-juiz Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública), em abril, em meio à denúncia de que Bolsonaro tentou interferir na cúpula da PF (Polícia Federal) é só a ponta do iceberg.
Diversos órgãos públicos do governo federal, em especial os que trabalham com fiscalização, regulação e controle, vivem um clima de conflagração e insegurança desde a posse de Jair Bolsonaro na Presidência em janeiro de 2019. Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e o próprio Ministério da Saúde são exemplos.
“Assédio institucional” é a expressão que tem sido usada pelo doutor em economia pela Unicamp José Celso Cardoso Jr., presidente da associação dos servidores do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e membro da coalizão Arca (Articulação Nacional das Carreiras Públicas para o Desenvolvimento Sustentável), que reúne entidades representativas de cerca de 100 mil servidores da União.
UOL