Bolsonaro recomenda propagadores de notícias falsas
Foto: Marcos Corrêa/PR
O presidente Jair Bolsonaro pediu que o Supremo Tribunal Federal (STF) determine operações de busca e apreensão contra a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) no âmbito do inquérito que investiga uma rede de divulgação de notícias falsas e ataques contra ministros da Corte. O pedido, em tom de crítica ao inquérito, foi feito durante live nesta quinta-feira. Bolsonaro também aproveitou para elogiar e recomendar o acesso a canais e sites apontados por relatório feito a pedido da CPMI das Fake News como divulgadores de notícias falsas.
— Espero que o STF… a maioria dos ministros corrija ou resolvam o que está acontecendo. Já estava errado fazer busca e apreensão na casa de qualquer um, mas é pior ainda de quem me segue, de quem me apoia. O outro lado, esquece. Espero que os áudios da Joice Hasselman… não precisa fazer perícia… façam uma busca e apreensão na casa dela — afirmou Bolsonaro.
A menção a mensagens de áudio relacionados a Hasselmann é uma referência à publicação de reportagens nos últimos dias em que ex-funcionários do seu gabinete divulgaram mensagens supostamente gravadas pela deputada nas quais ela pedia que eles criassem perfis falsos em redes sociais para difamar inimigos políticos. Ela nega as acusações, que classificou como “patéticas e mentirosas”.
Hasselmann, que foi uma das principais aliadas do presidente no início de seu mandato, rompeu politicamente com ele e agora é uma de suas maiores críticas. Após as declarações do presidente nesta quinta-feira, ela afirmou no Twitter que o episódio envolvendo seus assessores seria uma “armação” financiada pela agora extinta Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), com “todas as digitais de Jair Bolsonaro”. A deputada disse ainda que sugere a apreensão do celular de Bolsonaro para “ver quanto ele pagou e o que ofereceu para ex-assessores corruptos e também para escancarar a interferência na PF”.
No final de maio, a Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação contra parlamentares, blogueiros e empresários que apoiam Bolsonaro. A operação fez parte das investigações conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito das fake news no STF.
Ao longo da transmissão, Bolsonaro disse ser defensor da liberdade de expressão e contra a regulamentação da mídia. Ele voltou a criticar veículos de imprensa e aproveitou para recomendar um canal do YouTube apontado como divulgador de notícia falsas por um relatório feito a pedido pela CPMI das Fake News.
— Foco do Brasil. Vou pagar missão pra alguém aqui. Veja o que acontece depois lá […] Não é porque fala bem, não. É porque fala a verdade — disse o presidente.
O relatório elaborado por consultores legislativos com base em dados obtidos pela Lei de Acesso a Informação (LAI) constatou que o canal Foco do Brasil veiculou anúncios pagos pela Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência, que agora faz parte do recém-criado Ministério das Comunicações.