Bolsonaro tenta se entender com TCU
Foto: Alan Santos/PR
Ministros do Palácio do Planalto deflagraram nas últimas semanas uma operação política para distensionar a relação do governo com o Tribunal de Contas da União, onde o Poder Executivo vem sofrendo alguns reveses nos últimos meses. A articulação envolveu encontros de auxiliares do presidente Jair Bolsonaro com integrantes da corte de Contas, para tentar fortalecer os canais de diálogo e demonstrar que o governo federal “está trabalhando”.
Uma dessas conversas ocorreu na tarde da segunda-feira (8), quando o chefe da Casa Civil, general Walter Braga Netto, recebeu no Planalto o ministro do TCU Bruno Dantas. Na semana passada, Dantas já havia se reunido com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, um dos mais próximos de Bolsonaro. No mesmo dia em que conversou com Dantas, Oliveira também recebeu em seu gabinete outro ministro do tribunal: Augusto Nardes.
O próprio vice-presidente Hamilton Mourão também entrou em campo nessa articulação. Na tarde desta terça-feira (9), o general recebeu Augusto Nardes no Planalto. À CNN, auxiliares do militar afirmaram, de forma genérica, que Mourão e o ministro do TCU trataram de temas relacionados à “governança”.
Nesta quarta-feira (10), o TCU julgará as contas do primeiro ano de governo de Jair Bolsonaro. Conforme noticiou a analista da CNN Basília Rodrigues, a tendência é que a corte de Contas aprove as contas, mas com ressalvas. A cerimônia em que o julgamento será realizado deve contar com as presenças de Bolsonaro e de alguns de seus ministros. Integrantes do tribunal veem a oportunidade de fazer discursos em defesa da democracia e respeito às instituições.
A preocupação do governo com o TCU vem após algumas decisões da corte de Contas que atingiram órgãos e instituições ligados ao Executivo. Em 27 de maio, por exemplo, Bruno Dantas determinou que o Banco do Brasil suspendesse a propaganda em sites, portais e blogs, em uma tentativa de suspender o repasse de verba pública para sites notoriamente conhecidos por propagar fake news.
Nesta segunda, o tribunal abriu investigação para apurar o remanejamento de R$ 83,9 bilhões do Bolsa Família para ampliar a verba publicitária do governo. Para o órgão, a medida poderia ser enquadrada como “pedalada fiscal”, um dos motivos que levaram ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Alertado, o Planalto acabou anulando o ato nesta terça-feira.