Crise pode custar 14% do PIB brasileiro
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Gustavo Franco, economista e ex-presidente do BC
“Dessa vez é diferente. Esta exclamação sempre foi a senha do negacionismo chapa branca diante das crises, de acordo com a qual as crises são sempre causadas por um meteoro, um choque externo que nos transforma em vítimas inocentes de uma urdidura dos céus. É, pode ser, como diz um sábio, mas essa é apenas uma parte da história. Muitas vezes as autoridades pioram os meteoros, os quais, teimam em cair onde já não estava bom. O fato é que a exclamação acima tornou-se o título de um livro que nasceu clássico sobre o fato de que as crises financeiras são muito parecidas, ao menos nos erros cometidos pelas autoridades. Contudo, o ano de 2020, tal como 1914, 1929 e 1939, talvez assinale uma mudança de paradigma. Pela primeira vez na minha experiência profissional, vejo um consenso em que, de fato, dessa vez é diferente. Há pessoas morrendo, aos milhares, pavor e ansiedade como apenas se vislumbrou no 11 de setembro, e nas epidemias de HIV e Ebola, ao que se soma uma repetição piorada de 2008. Isto vai nos custar um trilhão, talvez mais, só esse ano, e será devastador para a economia e para o presidente, pois afinal, a tripulação do Titanic, que errou no iceberg (meteoro) e nos botes salva-vidas, dificilmente vai crescer junto aos sobreviventes.”