Ex-mulher de Bolsonaro o chama de “autoritário”
Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo
Em entrevista para o site da TV estatal da Noruega, a NRK, a advogada Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro, afirmou que ele é “um pouco machista e um pouco autoritário”. Ana Cristina manteve união estável com Bolsonaro entre 1998 e 2008 e é mãe de Jair Renan, o filho “04”, como Bolsonaro costuma se referir. A reportagem da NRK foi publicada no sábado passado, no dia 30 de maio.
Ana Cristina foi questionada durante a entrevista sobre aspectos positivos e negativos da personalidade do ex-marido. Ao mencionar, os negativos disse:
– Infelizmente, tenho que dizer que ele é um pouco machista. Um pouco autoritário. E quando ele fala sem pensar, tem um lado positivo como negativo também – afirmou Ana Cristina à TV NRK. O GLOBO confirmou com a NRK que as declarações foram feitas por ela em português. Já sobre os aspectos positivos, ela declarou que ele é “honesto” e “luta contra a corrupção”:
– Ele diz o que quer dizer, independentemente das consequências, e é inteligente – afirmou a ex-mulher de Bolsonaro.
A TV estatal norueguesa também questionou Ana Cristina sobre como ela analisa a condução de Bolsonaro durante a pandemia e o combate ao novo coronavírus. Ela afirmou que ele fez coisas “certas e erradas”, mas não mencionou exemplos.
– Ele fez as coisas certas e erradas durante a crise do coronavírus. Mas sua maior preocupação é que, quando a pandemia terminar, o desemprego e a pobreza matem mais do que o próprio vírus – disse a ex-mulher do presidente.
Advogada, Ana Cristina Valle conheceu Bolsonaro em Brasília, quando ambos participavam de uma manifestação, nos anos, 1990, de mulheres de militares que pediam aumento nos salários da caserna. Ela ficou mais conhecida nas eleições de 2018, quando disputou, sem sucesso, uma vaga na Câmara dos Deputados. Ela usou o nome de Bolsonaro nas urnas, embora nunca o tenha adicionado legalmente.
Durante a campanha eleitoral de 2018, veio a público o processo litigioso de sua separação de Jair Bolsonaro. Em viagem à Noruega, onde viveu por cinco anos, a advogada acusou Bolsonaro de ameaçá-la durante a disputa pela guarda do filho do casal. Passados mais de dez anos do episódio, Ana Cristina negou as acusações que havia feito anteriormente. Atualmente, ela trabalha como assessora do vereador Renan Marassi (PPS-RJ) na Câmara dos Vereadores de Resende, município no sul do Rio de Janeiro.
Em 2001, ela foi nomeada pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) como assessora-chefe de seu gabinete na Câmara dos Vereadores do Rio. Por isso, passou a ser investigada pelo Ministério Público do Rio no âmbito do procedimento que apura funcionários fantasmas e eventual prática de “rachadinha”, a devolução de salários de assessores, no gabinete de Carlos.
No caso de Carlos, outros seis familiares dela também são investigados por terem constado como assessores. Já no procedimento que apura a existência do esquema no gabinete do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), outros dez familiares de Ana Cristina, incluindo também o ex-sogro José Procópio Valle, são investigados. Nessa investigação surgem como alvo também Fabrício Queiroz, amigo do presidente e ex-chefe da segurança de Flávio.