Governo planeja melhoria de imagem no exterior

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Foto: Zeca Ribeiro/12.11.2013/Câmara dos Deputados

O Ministério das Comunicações estuda criar uma secretaria internacional para tentar melhorar a imagem do governo no exterior. A secretaria unificaria o discurso em questões ambientais ou de comércio bilateral, como no caso da China. A medida será uma das primeiras ações do novo ministro da área, Fábio Faria.

O movimento por uma comunicação de governo menos ideológica vem sendo defendido por vários ministros como Paulo Guedes (Economia), Tereza Cristina (Agricultura) e Tarcísio Freitas (Infraestrutura). Ganhou ares de urgência após 29 grandes fundos estrangeiros terem alertado, em carta, sobre as “incertezas” de se investir no Brasil em um cenário de aumento do desmatamento. A fala do ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, de que era preciso aproveitar o período da pandemia do novo coronavírus para “passar a boiada” em normas ambientais também criou problemas para o governo brasileiro e tem preocupado ministros.

A ideia também conta com o apoio do núcleo militar do Palácio do Planalto, formado pelos ministros Walter Braga Neto (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Jorge Oliveira (Secretaria-Geral) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional.

O ministério, que havia sido extinto e incorporado no início da gestão à pasta de Ciências e Tecnologias, do astronauta Marcos Pontes, foi recriado há uma seman, em um arranjo feito por Bolsonaro para contemplar mais uma vez o Centrão e compor uma base aliada no Congresso.

A atuação da Secom, que segue comandada por Fabio Wajngarten, passou a ser muito criticada por ministros pragmáticos e pela ala militar do governo. Autoridades avaliam que, até o momento, a Secom se envolveu mais em crises políticas do que auxiliou na melhoria da imagem do país perante investidores estrangeiros e governos de outros países.

Wajngarten é bem próximo do presidente Jair Bolsonaro, de quem tem sido conselheiro em muitas ocasiões, e considerado da “ala ideológica” do governo, assim como Salles, o chanceler Ernesto Araújo e a ministra Damares Alves (Direitos Humanos).

No ano passado, sob seu comando a Secom lançou a campanha “Brazil by Brasil”, veiculada na mídia estrangeira com vídeos divulgando ações do governo na área econômica e ambiental, por exemplo. De curta duração, porém, a ação não teve resultados eficientes.

Ontem, em entrevista a uma rádio, a ministra Tereza Cristina afirmou que é preciso melhorar a comunicação em defesa do Brasil no exterior, citando a forte reação da União Europeia por meio e resistências ao acordo com o Mercosul. A ministra defendeu que ações como a do Conselho da Amazônia, conduzido pelo vice-presidente Hamilton Mourão, que vem procurando se antecipar ao combate às queimadas no país no período seco, precisam aparecer.

“Existe uma campanha orquestrada [no exterior contra o Brasil]. Nós somos muito competitivos no agronegócio por exemplo e isso são coisas de mercado. Mas nós estamos falhando na comunicação e precisamos nos comunicar melhor”, afirmou.

Valor Econômico