Guedes fala em “programas de expansão de crédito”
Foto: Walter Duerst/World Economic Forum
O ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu nesta terça-feira (30) que algumas empresas ainda enfrentam dificuldade para acessar o crédito e que os programas para liberação dos recursos ainda não foram suficientes para atender à demanda gerada pela crise do coronavírus.
Segundo o ministro, houve um aumento da oferta de crédito, mas com a crise econômica a necessidade das empresas por capital de giro “explodiu”. Guedes participou de uma audiência na comissão mista do Congresso que monitora ações do governo no combate à pandemia.
“Os programas de crédito, onde temos o time mais técnico, é um grupo tecnicamente muito forte. Mas, às vezes, é o time do Barcelona, mas perde. Apesar do time, a verdade é que o desempenho do nosso time, e eu me incluo nesse front, foi muito difícil. Mesmo expandindo o crédito como expandimos, não foi suficiente”, afirmou Guedes.
A dificuldade de acessar crédito é uma das principais reclamações do setor produtivo desde o início da crise. O problema atinge principalmente as micro e pequenas empresas, o que fez o governo lançar programas de garantia para os empréstimos, como o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe).
Segundo o ministro, o Pronampe nasceu da reclamação de que o crédito não estava chegando na ponta. O ministro acredita que o programa dará conta de atender à demanda.
Com o Pronampe, cada empréstimo terá a garantia, pela União. Todas as instituições financeiras públicas e privadas autorizadas a funcionar pelo Banco Central (BC) poderão operar a linha de crédito. Segundo o ministro, o programa tem R$ 15,9 bilhões disponíveis.
“A Receita selecionou quem são os bons pagadores de impostos. Microempresários que sempre pagaram os seus impostos em dia. Pagam o imposto do Simples e eles, de repente, tiveram seus negócios destruídos. A Receita está ligando para esses 3 milhões de microempresários e dizendo: você que sempre pagou seus impostos em dia, vá ao banco e peça 30% do seu faturamento médio mensal”, disse.
O ministro destacou ainda que a prioridade do Pronampe deve ser o microempresário e não o pequeno e médio.
Guedes voltou a dizer que não concorda com as afirmações de que o governo não se mobilizou para enfrentar a crise provocada pela pandemia da covid-19. “Nós consideramos isso uma visão muito injusta. Estamos trabalhando de manhã, à tarde e à noite”, disse.
Por outro lado, o ministro disse que as medidas do governo de proteção ao emprego funcionaram. Ele disse que foi um “resultado excepcional” o país ter fechado 1 milhão de vagas formais de trabalho desde o início da pandemia.
“Da mesma forma que o nosso desempenho no crédito não foi satisfatório até o momento, e continuamos aperfeiçoando o programa, eu tenho que dizer que do ponto de vista de manutenção do emprego foi o mais bem-sucedido. Houve nesse período uma demissão de um pouco mais de 1 milhão, o que foi um resultado excepcional, foi extraordinário”, disse Guedes.
De acordo com dados do Ministério da Economia, o país fechou 1,487 milhão de vagas de trabalho formais desde o início da pandemia.
Nesta terça, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a taxa de desemprego no país foi de 12,9% no trimestre encerrado em maio, atingindo 12,7 milhões de pessoas.
O resultado representa uma alta de 1,2 ponto percentual na comparação com o trimestre encerrado em fevereiro (11,6%).
Trata-se da maior taxa de desemprego desde o trimestre terminado em março de 2018, quando foi de 13,1%.