Mulher que questionou Bolsonaro é do MBL
Foto: Reprodução
A mulher que confrontou Jair Bolsonaro (sem partido) no Palácio do Alvorada na manhã desta quarta-feira (10) e foi acusada de “falar abobrinha” faz parte de um pacote de ações contra o presidente elaborado pelo MBL (Movimento Brasil Livre), que tem se mobilizado em defesa do impeachment.
O movimento promete mais atos contra Bolsonaro ao longo do dia, como carreatas em São Paulo e Brasília e panelaços.
A mulher que aborreceu o presidente foi a atriz Cris Bernart, 33, membro do MBL e que diz ter votado em Bolsonaro na última eleição. Ela trabalha no gabinete do vereador Fernando Holiday (Patriota), na Câmara Municipal de São Paulo.
Ela diz que a ação foi pensada em conjunto por ela e pelo movimento, e afirma não ter ido lá como atriz, mas como eleitora decepcionada. Ela destaca que não foi uma performance e não foi paga pela ação.
Por essa o presidente e os apoiares não esperavam. RT @kellymatos: “A população está morrendo, senhor presidente” pic.twitter.com/HahqWrJtue
— marcelocosme (@cosmemarcelo) June 10, 2020
“Tenho um canal do YouTube há cerca de três anos e, na época da eleição, quando ainda não tinha proximidade com o MBL, fiz vídeos em apoio ao Bolsonaro. Apoiei e ao longo do tempo fui vendo que não concordava com mais nada do que ele estava fazendo. Fez tudo o que prometeu que não iria fazer, nomeou um petista para a PGR [ela se refere a Augusto Aras]. Inclusive agora está com esses conchavos com o centrão”, diz Cris ao Painel.
“Ele é o único chefe de estado que está tratando a Covid-19 dessa forma. Eu já estava revoltada há muito tempo, me sentindo traída, como milhões de brasileiros. O MBL já tem ações programadas para pedir o impeachment e aproveitei que estava com tudo isso entalado para me juntar e fazermos essa ação”, explica.
No Palácio do Alvorada, Cris disse que o país tem hoje 38 mil famílias de luto e que sente que Bolsonaro traiu a população.
O presidente se irritou, pediu para que ela se retirasse do local e cobrasse o governador de seu estado.
Ela, no entanto, não se retirou e não desistiu de cobrar Bolsonaro. Os outros apoiadores presentes no local pediram que ela ficasse calada, mas ela prosseguiu questionando.
“Está aí aquela figura falando abobrinha lá”, disse o presidente. “Vem com essa demagogia de usar uma coisa séria, os mortos. Nós respeitamos e temos compaixão do pessoal que perdeu os familiares, não interessa em qual circunstância”, acrescentou Bolsonaro.
Cris disse que foi bastante hostilizada pelos apoiadores do presidente e se assustou quando um “homem enorme” pediu que ela “calasse a boca”. Ela afirma que pediu para sair do local antes dos demais, com medo de ser agredida fisicamente.
“Saí fugida, foram bem agressivos verbalmente. Se pudessem me pegar na esquina, pegariam”, afirma.
Sobre os detalhes das demais ações do dia, o MBL faz mistério, mas promete surpresas ao presidente.
“Ouviram de um passarinho que me contou que um povo heróico vai dar brado retumbante. E o sol da liberdade em panelas vai rufar no céu da pátria nesse instante”, diz Tiago Pavinatto, advogado e membro do MBL.