Por que número 2 da Saúde usa broche de caveira?
Foto: TV Brasil/Reprodução
O Brasil não para de produzir cenas chocantes relacionadas à pandemia. Uma das mais recentes ocorreu na segunda, 8, durante uma coletiva no Ministério da Saúde para o governo tentar explicar a confusão criada em torno da metodologia para contabilizar os dados sobre a Covid-19 no país. Na entrevista em que o tema principal era a quantidade de mortes por coronavírus, o secretário-executivo do órgão, Elcio Franco Filho, o número 2 do Ministério, utilizava na lapela de seu paletó um broche com o símbolo de uma caveira com uma faca atravessando o crânio.
O uso do adereço completamente inadequado para a ocasião tem a ver com a carreira de Elcio Franco Filho. Coronel da reserva desde março do ano passado, ele integrou um grupo do Comandos do Brasil, forças especiais do exército que utilizam como símbolo a tal imagem da caveira com a faca atravessada. O atual secretário-executivo do Ministério da Saúde foi instrutor do 1º Batalhão de Forças Especiais do Rio de Janeiro, em 1990. Enquanto esteve na ativa, o coronel também foi gestor de atividades terrestres e de preparo do treinamento do Comando de Operações Especiais (COpEsp) em Goiânia (GO) e gestor de ensino e instrutor de cadetes da Seção de Instrução Especial da Academia Militar das Agulhas Negras (SIEsp-AMAN).
Elcio Franco Filho foi nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro como secretário-executivo do Ministério da Saúde na quinta-feira 4. Franco Filho assumiu o posto do general Eduardo Pazuello, então número dois da pasta, nomeado interinamente como ministro da Saúde. O cargo está vago desde a saída do oncologista Nelson Teich, que pediu exoneração antes de completar um mês no posto
O site do Exército brasileiro traz uma versão simplificada do significado do broche. “A caveira simboliza a morte, sempre presente nas ações desse tipo; e a faca com lâmina vermelha é o sigilo de uma missão dos Comandos e o sangue derramado pelos combatentes”. “Ao contrário do que possa parecer, o símbolo não significa a morte pura e simplesmente, mas sim a vitória da vida sobre a morte”, diz outro trecho do texto. Fora do ambiente do Exército, no entanto, o uso do símbolo demonstrou uma profunda falta de sensibilidade — principalmente no trágico contexto atual da pandemia no país.