Se polícia achar mulher de Queiroz, ele fala
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A Polícia Militar e os ministérios públicos do Rio de Janeiro e de Minas Gerais iniciaram na manhã de hoje uma operação para localizar Márcia Oliveira Aguiar, mulher de Fabrício Queiroz, em Belo Horizonte. Márcia está foragida desde a semana passada, quando Queiroz foi preso em um imóvel do advogado Frederick Wassef, aliado da família Bolsonaro. A prisão preventiva foi determinada na investigação de desvio de dinheiro público no gabinete do senador Flávio Bolsonaro, quando o filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro ainda era deputado estadual e Queiroz, seu assessor.
Assim que foi descoberto na casa pertencente a Wassef em Atibaia, no interior de São Paulo, Queiroz perguntou pela mulher. A preocupação indica que a família pode ser o ponto fraco do policial militar da reserva, que ainda tem muito a explicar para a Justiça. Desde as movimentações financeiras que deram início à investigação do Ministério Público do Rio em que foi preso até como e por que ele estava em um imóvel de um advogado que, até a semana passada, defendia Flávio Bolsonaro no caso. Esta semana, Wassef se afastou e foi substituído por outros dois advogados.
A prisão de Márcia, no entanto, não é garantia de que o ex-assessor do senador aceite colaborar com as autoridades responsáveis pela investigação. Queiroz vem de um meio em que ficar em silêncio é a regra, quando se tem problemas com a Justiça. Era amigo de um ex-militar miliciano morto na Bahia, Adriano da Nóbrega, que foi defendido pelo mesmo Paulo Emílo Catta Preta que assumiu o caso do ex-assessor de Flávio. A regra do silêncio é a seguida até agora pelos dois ex-PMs do Rio presos acusados pela morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
Queiroz pode preferir esperar o resultado do habeas corpus impetrado por Catta Preta em nome dele e da mulher. Se o habeas corpus não for concedido, é mais provável que continue em silêncio. Mas o que o ex-assessor já disse e é de conhecimento do Ministério Público, em interceptações autorizadas pela Justiça, já seriam suficientes para o oferecimento de uma denúncia, inclusive contra Flávio. Afinal, em uma das conversas a que o MP teve acesso, tanto Márcia quanto a filha do PM da reserva, Nathalia, se queixavam de que Queiroz não parava de falar.