Teich sugere que Bolsonaro atrapalha combate à pandemia

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Foto: RAFAELA FELICCIANO/METRÓPOLES

O ex-ministro da Saúde Nelson Teich avaliou que a falta de centralização das ações do Ministério da Saúde no combate à pandemia do novo coronavírus é a maior dificuldade que o país enfrenta para enfrentar a doença no país. Para o médico, a estrutura é “fragilizada” por problemas históricos, mas a situação é precarizada pelo do monopólio das ações, que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), na sua avaliação, exerce.

“Quando se tem uma sobrecarga no sistema, começamos a ver as fragilidades – e isso não é uma coisa recente, é uma junção de anos, décadas. Com a recolocação frequente que o governo federal está fazendo, não está tendo uma coordenação, liderança pelo ministério da Saúde”, afirmou, em entrevista ao portal UOL, nesta segunda-feira (22/06).

“É muito difícil, esse trabalho não está acontecendo e uma coisa é a comunicação. Para mim, a liderança e a coordenação é do Ministério da Saúde, e é impossível sem informação. Não que eu queira ter mais poder, os três [União, estados e municípios] têm que caminhar igual, mas tem que ter liderança e coordenação. E a gente não tem por consequência de uma história”, continuou

Questionado sobre a conduta do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que estaria tentando monopolizar as ações de prevenção, o ex-ministro disse que o mandatário tem uma forma de comandar “clara”, que “enfraquece” a liderança do Ministério.

“O presidente deixou claro forma de liderar e governar, isso a gente vê na declaração, nos comentários. Mas, quando você não tem uma liderança [da Saúde], quando não é percebido como liderança, isso enfraquece [o ministro]. Inclusive, posso até estar errado, mas até quando se relaciona com estados e municípios, a percepção de uma não liderança real, ela [pasta da Saúde] se enfraquece”, defendeu.

Após a crítica, Teich disse que Bolsonaro, apesar desse estilo, sempre o apoiou enquanto ministro e que a conduta faz parte da personalidade do presidente.

“Apesar do fato de o presidente trazer para si o comando, ele falou mais de uma vez que a decisão é dele, a gente não pode esquecer que muito da forma que o presidente conduz e fala não é novo, ele sempre foi assim. E sendo assim, ele foi eleito presidente do Brasil”, disse. “Eu preferi sair, mas nunca teve nada em relação a ele, pelo contrario, sempre esteve ao meu lado“, afirmou.

Teich disse, ainda, que o fato de Bolsonaro não usar máscaras com frequência não é necessariamente um fator de impacto no combate à pandemia. “O uso da máscara é importante, sim. Mas não posso falar que isso [postura Bolsonaro] tem impacto. Tem tem muita coisa com mais impacto que isso”, finalizou.

Metrópoles