Weintraub deve deixar governo hoje

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Foto: Renato Costa / FramePhoto / Agência O Globo

Assessores próximos do ministro da Educação, Abraham Weintraub, aguardam para esta quinta-feira (18) o capítulo final sobre sua demissão do cargo.

A expectativa dentro do ministério é que ele e o presidente Jair Bolsonaro anunciem sua saída do comando do MEC.

Deputados bolsonaristas disseram que o presidente e o ministro já fizeram uma despedida informal nesta quarta-feira (17). Segundo aliados, a queda não deverá passar de sexta-feira (19).

A ideia é que seja gravado um vídeo nesta quinta para explicar a saída de Weintraub, em formato semelhante ao feito com a atriz Regina Duarte quando ela deixou a secretaria nacional da Cultura.

Na gravação, Bolsonaro deve elogiar o ministro e dizer que decidiu destacá-lo para uma missão importante no exterior.

Na noite desta quarta, o ministro agradeceu aos apoiadores no Twitter em tom de despedida do governo. Weintraub respondeu no Twitter alguns seguidores, como o deputado federal Carlos Jordy (PSL-RJ), que escreveu: “Só tenho uma certeza: se sair, fará uma grande falta e saíra como um homem, não como um traidor”.

A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) também escreveu uma mensagem: “Me faltam palavras… ‘Combateu o bom combate, guardou a fé. A coroa da justiça lhe está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, lhe dará naquele Dia’. Siga de cabeça erguida, como o grande homem que é”.

 

A uma seguidora que questionou se ele sairá do Twitter após deixar o governo, o ministro respondeu: “Não pretendo”.

Weintraub enfrentou longo desgaste político com os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), agravado com o episódio do último domingo (14) em que compareceu a um protesto em Brasília de apoiadores do governo.

No encontro com manifestantes, sem citar ministros do STF, Weintraub voltou a usar a palavra “vagabundos”, em uma referência à afirmação dele na reunião ministerial de 22 de abril, em que disse: “Eu, por mim, colocava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF”.​

As declarações provocaram uma reação do Supremo, que nos bastidores tem cobrado a demissão do ministro. Sua permanência ficou insustentável, segundo assessores presidenciais, e a saída passou a ser defendida pelo entorno de Bolsonaro, que sofre pressão dos filhos para mantê-lo no MEC.

Bolsonaro pode indicar um ministro interino para o cargo, como antecipou a colunista Mônica Bergamo.

Ele tenta ainda resolver a situação do próprio Weintraub, que ganharia um cargo no exterior —em uma representação diplomática ou em um banco internacional. O ministro Paulo Guedes foi escalado para tentar resolver a questão.

Bolsonaro tem sido pressionado a manter a pasta sob o comando da ala ideológica e olavista de apoio ao governo.

A opção mais forte até agora é que um funcionário do ministério assuma a pasta de modo interino até a definição do novo ministro.​

O secretário de Alfabetização do MEC, Carlos Nadalim​, é o principal nome que circula no grupo de bolsonaristas mais ideológicos.

Nadalim chegou ao cargo por indicação do escritor Olavo de Carvalho ainda na equipe do ex-ministro Ricardo Vélez Rodríguez —quando este foi demitido, também houve campanha para que Nadalim fosse nomeado ministro.

O governo não ignora o desgaste de insistir com um olavista; os acenos ideológicos de Weintraub culminaram na atual crise com o STF(Supremo Tribunal Federal).

Nome forte na militância, Nadalim não tem, por outro lado, nem apoio de militares, nem respaldo do Congresso —partidos do centrão, que agora apoiam o governo, também articulam para emplacar o substituto.

Outra nome que tem ganhado força é o do presidente da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), Benedito Aguiar.​

Folha De S. Paulo