Assessor olavista diz que ala ideológica perdeu força
Assessor especial do presidente Jair Bolsonaro, Filipe Martins usou o Twitter, nesta terça-feira, para fazer uma análise das pressões que o governo tem sofrido e afirmou que o cenário difícil para o presidente tem como causa o enfraquecimento da influência da área ideológica no governo. De acordo com Martins, com a redução da força desse grupo, o “establishment já se sente à vontade para eleger novos alvos”, como os militares.
Em uma live no último sábado, Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), acusou o Exército de se associar a um genocídio, em referência à falta de titular no Ministério da Saúde, que hoje é ocupado interinamente pelo general Eduardo Pazuello.
No Twitter, Martins afirma que os ataques tentam minar “mais um pilar” de sustentação do governo, a exemplo do que foi feito com a chamada “ala ideológica”. Para ele, o núcleo ideológico era o responsável por dar unidade ao governo e sentido às escolhas que desafiavam o sistema. Quando renuncia a isso, o governo adere a um “neutralismo tecnocrático” e é incapaz de desafiar o discurso dominante.
“Isso significa que ao permitir que o discurso político-ideológico que lhe dá sustentação seja enfraquecido, o governo se coloca sob o risco de ser submetido a uma situação na qual suas únicas opções aceitáveis são aquelas predeterminadas pelos senhores da ideologia dominante. Ou seja, com o enfraquecimento desse discurso, o governo se vê obrigado a aceitar apenas propostas e políticas consideradas aceitáveis pelo establishment. Quando não aceita, acaba sendo rotulado de tudo, até de genocida, e o custo político de defendê-lo vai se elevando”, escreveu o assessor do presidente.
Martins finaliza defendendo que o governo precisa reverter o cenário por meio do fortalecimento da base bolsonarista mais conservadora:
“Portanto, a única forma de reverter a situação e salvaguardar as propostas que foram escolhidas nas urnas, bem como diminuir os custos políticos do apoio ao governo e proteger quem com ele colabora, é resgatar e proteger a base originária do governo e seu discurso conservador.”
O Globo