Bolsonaro ainda quer Ramagem dirigindo a PF

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Foto: CAROLINA ANTUNES/PR

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, disse que ainda existe a possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro indicar o delegado Alexandre Ramagem para o comando da Polícia Federal. Em conversa publicada anteontem no canal do deputado federal Eduardo Bolsonaro no YouTube, Oliveira diz que não haveria óbice para a nomeação quando for encerrado o inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura as declarações do ex-ministro Sergio Moro de que o presidente queria interferir na PF.

– Ainda há a possibilidade (da nomeação de Ramagem para a PF), por óbvio. Temos um inquérito tramitando que versa sobre essa apuração das declarações do ex-ministro da Justiça com o ministro Celso de Mello. Particularmente, entendo que, com fim desse inquérito, que acredito que deve ocorrer em breve, não havia óbice nenhum para nomeação do delegado Alexandre Ramagem, caso o presidente queira fazer em breve – disse Jorge Oliveira.

O ministro do STF Alexandre de Moraes determinou, em abril deste ano, a imediata suspensão da nomeação de Ramagem para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal. Poucas horas após a decisão judicial, o governo desistiu de recorrer da decisão. Assim, Ramagem seguiu como diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ao pedir demissão, Moro afirmou que o Bolsonaro estava tentando fazer interferências políticas na PF, frear inquéritos contra seus aliados e obter informações de inteligência do órgão. Um inquérito no STF apura as declarações do ex-ministro da Justiça.

Indicado pelo presidente após a saída de Moro, Ramagem é amigo dos filhos do presidente e foi coordenador da segurança de Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018. Com a suspensão da nomeação de Ramagem, o presidente indicou Rolando Alexandre de Souza para o comando da PF.

Na fala a Eduardo Bolsonaro, de quem foi chefe de gabinete, Jorge Oliveira disse que Ramagem é um profissional competente que preenchia os requisitos para tomar posse. Ele negou haver uma intenção de Bolsonaro em interferir na PF.
– Não tem como o diretor-geral fazer interferência descrita pelo ministro – afirmou ele, dizendo em outro trecho: – Não há como ter essa interferência e, se alguém ousar fazer, vai responder por isso.

O ministro disse que, embora o governo discorde da decisão do STF, “num regime democrático, seguimos as regras”. Afirmou que Bolsonaro optou por tornar a nomeação de Ramagem sem efeito “para evitar um desgaste maior”.

O Globo