CGU também foi aparelhada

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Foto: Reprodução/TV Senado

O ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, considerou “acertadíssima” a decisão do presidente Jair Bolsonaro de mandar o Exército produzir cloroquina, mesmo que o remédio não tenha comprovação científica no combate ao novo coronavírus. Ele também afirmou que, se tiver covid-19, vai tomar o medicamento.

“Se eu tiver covid, vou tomar cloroquina. Eu acho a decisão do presidente acertadíssima, a discussão é política”, disse durante uma audiência pública no Congresso realizada nesta terça-feira pela comissão que acompanha as ações do governo federal no enfrentamento do novo coronavírus.

Rosário também minimizou o fato de o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MP-TCU) ter pedido a abertura de uma investigação sobre um suposto superfaturamento na compra sem licitação de matéria-prima para a produção do medicamento, além da averiguação da responsabilidade de Bolsonaro no caso.

Segundo ele, não há como esperar a comprovação científica em uma situação com essa, de uma doença desconhecida. “Se alguém conseguir apontar para mim o que está comprovado em relação ao covid, a gente só faz o que está comprovado, mas eu jogo o desafio para todos”, disse.

Para o ministro, diante desse cenário, não há como questionar as atitudes do presidente. “Eu já sei o que eu faria, eu vou tomar o remédio, quero que o remédio esteja lá, acho que o governo fez corretamente”, disse.

Rosário também afirmou, durante a audiência, que o governo bloqueou o pagamento do auxílio emergencial a 299 mil servidores públicos estaduais e municipais que solicitaram o benefício irregularmente.

“Realmente, a gente tem encarado uma situação de muita tentativa de fraude nos recursos do auxílio emergencial. Os cruzamentos identificaram números relevantes de servidores públicos. Iniciamos um trabalho de busca nas folhas de pagamentos estaduais e municipais. Numa parceria com Estados e municípios, cruzamos e identificamos 299 mil servidores de todos os entes recebendo recursos do auxílio emergencial. É um recurso que a gente tem que estar muito atento”, disse.

Rosário afirmou ainda que o órgão tem feito uma “análise prévia” para evitar fraudes nos contratos fechados sem licitação pelo Ministério da Saúde em meio à pandemia.

Segundo ele, até agora foi possível identificar encontrar “fragilidades” da ordem de R$ 2 bilhões em um universo de contratações que somam R$ 6,4 bilhões. “Isso permitiu a revogação de quase R$ 2 bilhões em licitação através de identificação de fragilidades na licitação que poderiam trazer problemas futuros para o governo federal”, disse.

De acordo com o ministro, a CGU também acompanha os repasses da União para estados, Distrito Federal e municípios e tem feito um “trabalho bem braçal” de busca em diários oficiais e em portais de transparência para ter uma média de preços e quantidades de aquisição e poder oferecer aos gestores uma média de preços praticados no momento da pandemia.

“Quando aumenta muito a demanda por equipamentos de proteção individual e respiradores, o preço sobe. Precisávamos buscar um preço de referência para este momento. Não adiantava muito tentar comparar o preço atual com o anterior. Também fizemos uma análise mais detalhada das empresas que estão contratando, para tentar fazer uma análise de risco das aquisições feitas pelos diversos entes federais, inclusive a União”, disse.

Valor Econômico