Dilma acusa Bolsonaro de “gestão genocida”
Foto: Silvia Zamboni/Valor/Arquivo
A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) acusou nesta sexta-feira o presidente Jair Bolsonaro de agir de forma “criminosa” e “genocida” na condução da pandemia de covid-19 no país. Para a ex-presidente, Bolsonaro optou “de forma deliberada” por defender a tese da imunidade de rebanho, hipótese em que se interrompe a transmissão de uma doença depois que um alto percentual de uma população se contamina.
“Bolsonaro optou, não de forma louca, mas de forma deliberada, pela alternativa de infecção do rebanho. Ele quer que muitas pessoas no Brasil estejam infectadas e acredita que poderemos minimizar os efeitos da pandemia. Não interessa quantos morram”, disse Dilma em discurso durante reunião do diretório nacional do PT, produzida e transmitida via YouTube.
“Estacionamos em patamar de 1 mil mortes por dia. É criminoso. É genocida. Não se importam com a quantidade de mortos”, afirmou a petista.
A ex-presidente alertou para o fato de o Brasil não ter organizado ou concretizado uma estrutura para testagem em massa da população, o que impede que se faça, por exemplo, um planejamento de quando se deve intensificar ou afrouxar as medidas de isolamento social.
“Não é só que Bolsonaro optou pela infecção do rebanho, ele optou por não ter o menor conteúdo científico na flexibilização [do isolamento social]”, afirmou a ex-presidente.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou logo depois de Dilma no encontro virtual e cobrou da sociedade médica brasileira um posicionamento a respeito do trabalho de propaganda que Bolsonaro faz da cloroquina, como solução para curar pacientes de covid-19. Estudos de cientistas do Brasil e do mundo não comprovam a eficácia do medicamento para covid e ainda apontam que ele traz riscos cardíacos aos pacientes.
“É preciso que haja uma manifestação dos médicos. É um atentado à vida, é um convite à morte. Não podem permitir que charlatões passem a indicar remédios”, afirmou Lula.