EUA e Rússia travam “guerra nas estrelas”
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Os Estados Unidos afirmaram ter provas de que a Rússia realizou um teste não destrutivo com uma arma antissatélite no espaço e reiteraram suas preocupações sobre os riscos que essas manobras representam.
“No último dia 15, a Rússia colocou um novo objeto em órbita a partir do (satélite de inspeção) Cosmos 2543”, disse o Comando Espacial dos Estados Unidos em comunicado. “A Rússia lançou este objeto nas proximidades de outro satélite russo”, acrescentou o comando americano, destacando que a ação é “inconsistente com a missão declarada do sistema como um satélite de inspeção”.
O general John Raymond, chefe da Força Espacial, detalhou na nota que o sistema russo usado para o teste é o mesmo sobre o qual foram levantadas preocupações no início deste ano, quando a Rússia manobrou perto de um satélite do governo americano.
Em 11 de fevereiro, a Força Espacial advertiu sobre o “comportamento incomum” de dois satélites russos que haviam se aproximado de um americano. Na ocasião, Raymond afirmou que se tratava de um satélite enviado ao espaço pela Rússia em novembro e que mais tarde se dividiu em um segundo dispositivo em órbita, identificado como Cosmos 2543.
Naquela época, foram transmitidas imagens mostrando a trajetória dos satélites, um dos quais foi identificado como o russo 2542, e outro, o americano, chamado USA 245. “Os Estados Unidos, em coordenação com nossos aliados, estão prontos e comprometidos em dissuadir a agressão e defender a nação, nossos aliados e os interesses vitais dos Estados Unidos de atos hostis no espaço”, finalizou o general.
Em agosto do ano passado, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou o lançamento de um novo comando com a missão de proteger os interesses de seu país no espaço, um domínio considerado cada vez mais contestado diante do crescente interesse de China e Rússia.
O uso cada vez mais recorrente de tecnologias espaciais com fins militares por potências como Rússia, China, Índia e até os Estados Unidos preocupa a comunidade internacional. Há preocupação de que os modernos equipamentos estejam sendo usados para reunir informações sobre adversários ou para bloquear qualquer tentativa de outros países de fazer o mesmo, principalmente pelos chineses.
Segundo a Agência de Inteligência de Defesa Americana (DIA), a China possui um míssil antissatélite operacional, que está instalado em terra, e é capaz de atingir alvos na órbita mais próxima da Terra. Pequim ainda quer lançar até 2020 uma arma laser para combater sensores espaciais.
A Rússia já realizou em diversas ocasiões testes bem-sucedidos com seu sistema de míssil antissatélites. No ano passado o Pentágono já havia acusado seus dois adversários de “armar o espaço”. Na mesma linha, o governo indiano afirmou que possui tecnologia para desenvolver suas próprias armas espaciais.
Os Estados Unidos, porém, não ficam de fora. Em 2018, anunciaram a criação de uma Força Espacial, o sexto braço de suas Forças Armadas. A Câmara dos Deputados também aprovou no ano passado uma lei que estipula especificamente “o desenvolvimento e a implantação de arquitetura de sensores” no espaço até o final de 2022 para garantir a eficácia das defesas antimísseis do país. Logo depois, a França seguiu o mesmo caminho com a criação de um comando espacial dentro de sua Força Aérea.