F1 cancela corrida no Brasil

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Foto: Reprodução

A Fórmula 1 anunciou nesta sexta-feira (24) que não realizará o Grande Prêmio do Brasil, no circuito de Interlagos, em razão da pandemia do novo coronavírus. A prova estava prevista para o dia 15 de novembro.

Além do Brasil, o avanço da doença também fez as corridas nos Estados Unidos, no México e no Canadá serem canceladas.

“Após discussões contínuas e estreita colaboração com nossos parceiros, também podemos confirmar que, devido à natureza fluida da pandemia contínua de Covid-19, às restrições locais e à importância de manter as comunidades e nossos colegas em segurança, não será possível competir no Brasil, EUA, México e Canadá nesta temporada”, afirmou a categoria, em comunicado.

Essa é a primeira vez desde 1972, quando estreou na F1 ainda sem valer pontos, que um GP do Brasil ficará de fora da temporada. É também a primeira vez nos 70 anos da categoria que o continente americano não terá uma etapa.

Em entrevista coletiva nesta sexta-feira (24) no Palácio dos Bandeirantes, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, afirmou que respeita a decisão e que continua em tratativas com a organização do evento para prorrogação do contrato a partir do ano que vem.

“Ao longo das últimas semanas enviamos todos os dados à organização do evento mostrando que a realidade da cidade de São Paulo e do estado é bem diferente da realidade brasileira, que é que tem nas notícias que chegam tanto para pilotos quanto para equipes. A projeção mostra que em novembro estaremos em uma situação bem melhor do que estavam os países europeus onde já tivemos realização de Grande Prêmio. E destacamos, inclusive, que tanto autoridades do estado quanto do município, desenvolveram protocolo para realização de eventos automobilísticos na cidade. Não é que não haverá em novembro, não há desde já qualquer proibição para realização deste tipo de evento, desde que ocorra sem público”, explicou.

No começo de julho, o chefe da equipe Mercedes, Toto Wolff, já havia colocado em dúvida a realização da corrida em Interlagos.

Por outro lado, serão adicionadas ao calendário mais três corridas na Europa, nos circuitos de Nürburgring (Alemanha) em 11 de outubro, Portimão (também chamado de Autódromo de Algarve, em Portugal) em 25 de outubro e Ímola (Itália) em 1º de novembro — circuito onde Ayrton Senna sofreu um acidente fatal em maio de 1994.

“Estamos felizes em continuar progredindo para finalizar o calendário a temporada 2020 a estamos animados em adicionar Nürburgring, Portimão e Ímola ao calendário. Gostaria também de homenagear nossos parceiros nas Américas e estamos ansiosos em voltar para a região na próxima temporada”, afirmou Chase Carey, CEO da Fórmula 1.

As mudanças informadas demonstram o plano da Fórmula 1 de realizar toda a temporada no continente europeu, o que facilita a logística de transporte dos equipamentos, além de reduzir os riscos de exposição dos pilotos e equipes em viagens. Das 13 corridas deste ano até o momento, todas foram ou serão realizadas em países do continente europeu.

Os organizadores também disseram que continuam comprometidos com a realização de entre 15 e 18 corridas na temporada 2020 da F1, com previsão de encerramento no Golfo Pérsico, em dezembro.

Depois da realização das três primeiras corridas do ano, com duas provas na Áustria e uma na Hungria, o hexacampeão Lewis Hamilton, da Mercedes, lidera o campeonato com 63 pontos, cinco a mais que seu companheiro, o finlandês Valtteri Bottas.

Hamilton vai em busca do seu sétimo título mundial, o que igualaria a marca do alemão Michael Schumacher, maior vencedor da história da Fórmula 1. O holandês Max Verstappen, da Red Bull, aparece na terceira posição no campeonato de pilotos, com 33 pontos.

Na disputa por equipes, a Mercedes tem 121 pontos, o que coloca a montadora alemã na liderança, com folga, do campeonato. A Red Bull é a segunda colocada, com 55 pontos, seguida pela McLaren, com 41 pontos.

A escudeia inglesa pela qual Senna conquistou os campeonatos mundiais de 1988, 1990 e 1991 é um dos destaques positivos da F1 em 2020 depois de apresentar desempenho decepcionante nos últimos anos.

Já a italiana Ferrari figura entre os maiores fiascos da temporada. Seus pilotos, Charles Leclerc e Sebastian Vettel estão na 7ª e 10ª posições no campeonato, com 18 e 9 pontos respectivamente. E a equipe é apenas a 5ª no campeonato de construtores, com 27 pontos.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB) havia demonstrado esperança nas últimas semanas de que a capital paulista sediaria o GP de F1 neste ano. Em 10 de julho, ele declarou que a corrida é um “projeto significativamente importante para o Turismo da capital” e disse que estava em contato com a Liberty Media, empresa que administra a Fórmula 1, para a realização do GP de maneira segura em São Paulo.

Doria também afirmou que buscava a renovação do contrato do Autódromo de Interlagos, que se encerra neste ano. O governo do Rio de Janeiro já demonstrou interesse em receber o GP do Brasil a partir de 2021.

Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a continuidade do projeto de construção do Autódromo de Deodoro, na zona oeste da capital fluminense. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já demonstrou interesse e animação em transferir o GP do Brasil de São Paulo para o Rio de Janeiro.

O cancelamento do Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 representará a perda de um dos principais eventos de turismo para São Paulo, ainda que o impacto fosse menor neste ano por causa da pandemia do novo coronavírus.

No ano passado, o evento atraiu 158 mil pessoas para Interlagos nos três dias de disputas (os treinos na sexta e no sábado e a corrida no domingo), em novembro. Dois terços foram turistas de outras cidades, estados e países, que gastaram em média R$ 3 mil na capital paulista.

O impacto econômico para a capital paulista foi estimado em R$ 361 milhões, segundo o Observatório de Turismo e Eventos da São Paulo Turismo (SPTuris). A prefeitura estima gastos de R$ 30 milhões a R$ 40 milhões por ano para garantir a realização da corrida, em intervenções urbanas e obras na cidade e no autódromo.

CNN Brasil