ONU acusa Trump de violência contra a mídia

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Foto: Kevin Lamarque/Reuters

O relator especial das Nações Unidas sobre liberdade de expressão, David Kaye, acusou a Casa Branca nesta segunda-feira, 13, de fazer um “ataque violento” contra a mídia. A consequência seria ainda mais ampla: um “efeito Trump negativo” na liberdade de imprensa global, em referência ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Em entrevista coletiva, Kaye disse esperar que “ataques” a jornalistas americanos acabassem quando Trump deixar o cargo. Ele especificou que se referia às críticas a repórteres e à disseminação de “desinformação” pelo governo, além de parcerias com grupos conservadores da mídia.

“Claramente, a marca principal nos últimos quatro anos tem sido a maneira pela qual esse presidente em particular se dirige à mídia: a maneira como ele difama a mídia e avilta a liberdade de expressão”, disse ele a jornalistas em Genebra, em sua última entrevista oficial antes de seu mandato de seis anos terminar no final deste mês.

Questionado sobre o impacto disso na liberdade de imprensa em todo o mundo, ele disse que “há um efeito Trump muito negativo” para a imprensa global. Segundo Kaye, governos anteriores foram mais críticos a ataques à imprensa, como no caso do assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi em 2018. Ele acrescentou que o governo Trump criou uma cultura global de permissividade.

Também nesta segunda-feira, vários jornalistas russos foram detidos em Moscou durante uma manifestação em apoio a Ivan Safronov, ex-jornalista e atual conselheiro do diretor da agência espacial russa, acusado de espionagem. A situação dos jornalistas na Rússia “está piorando, há cada vez menos meios de comunicação independentes e é difícil encontrar trabalho em um lugar onde não há censura”, disse Tatiana Felguengauer, da rádio Echo de Moscou.

Sem citar países específicos, o especialista das Nações Unidas afirmou que a restrição de informação piorou com a pandemia de coronavírus, em tendência que contribuiu para a disseminação da doença e que ele descreveu como “muito perturbadora”.

“Muitas vezes, sob o pretexto de tentar restringir a desinformação, governos recorreram a ferramentas antigas para reprimir o livre fluxo de informações”, disse Kaye. Ele também criticou a “abordagem altamente repressiva da China para a liberdade de expressão” e pediu resistência a essa abordagem.

No início deste mês, a lei de segurança nacional imposta por Pequim a Hong Kong obrigou jornalistas e outros cidadãos a fazerem uma faxina virtual. Muitos anunciaram que iriam excluir contas no Twitter, no Telegram, ou no Signal – aplicativo de mensagens criptografadas. Outras compartilharam dicas para reduzir os rastros “pró-democracia” deixados na Internet.

Além disso, fontes passaram a se recusar a falar com a imprensa e jornalistas estão temerosos em publicar textos assinados.

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