Perfis excluídos pelo Facebook fizeram campanha para Bolsonaro

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Foto: Isacc Nobrega/ Secom PR

Muitas das 88 contas bolsonaristas bloqueadas nesta quarta-feira pelo Facebook já estavam em operação desde a eleição presidencial de 2018. Produzindo e compartilhando memes atacando os adversários de Jair Bolsonaro, eles usavam perfis duplicados e falsos para evitar a fiscalização da plataforma.

Segundo análise da equipe do Digital Forensic Research Lab (DRFLab), ligado ao Atlantic Council, coordenada pela pesquisadora Luiza Bandeira, essa é primeira vez que se consegue provar que aliados do presidente Bolsonaro usam contas falsas nas redes sociais para atacar adversários do presidente. Para o Facebook, o conjunto removido agia para enganar sistematicamente o público, sem informar a verdadeira identidade dos administradores.

O trabalho,que apontou o envolvimento de ao menos cinco funcionários da Presidência e dos gabinetes do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), além de membros das equipes dos deputados Alana Passos e Anderson Moraes, ambos do PSL no Rio de Janeiro, identificou o assédio online direcionado ainda no processo eleitoral.

Uma nota divulgada pelo Facebook para justificar a remoção dos conteúdos brasileiros diz que o esquema envolvia a combinação de contas duplicadas e falsas, cujo objetivo era evitar a fiscalização da plataforma. Elas representavam pessoas fictícias que publicavam conteúdos em páginas que simulavam a atividade de veículos de imprensa. Entre as publicações, havia tópicos sobre política; eleições; críticas a opositores e a jornalistas e organizações de mídia e informações sobre a pandemia da Covid-19. Ainda segundo o texto, parte desse material já havia sido removido por violar normas de uso, incluindo discurso de ódio. Foram encontrados também, pelo DRFLab, ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) por meio das hashtags #STFVergonhaNacional e #STFEscritórioDoCrime.

O perfil ‘Bolsonewsss’, que pertencia a Tercio Arnaud Tomaz, assessor especial de Jair Bolsonaro, que também já trabalhou no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), teve como principal alvo em 2018 o candidato do PT, Fernando Haddad (PT), que disputou o segundo turno contra Bolsonaro. Em uma das publicações ele comprara o candidato petista ao ditador italiano Benito Mussolini.

Post do perfil @bolsonewsss

Marina Silva (Rede) também aparece em uma publicação do perfil de Tercio, sendo relacionada à prática de aborto.

Post do perfil @bolsonewsss

Leonardo Rodrigues, que era lotado no gabinete da deputada estadual Alana Passos (PSL-RJ) até o fim de abril, e que teve seu perfil Bolsonéas bloqueados, já está de volta às redes sociais. Ele criou uma nova conta no Twitter, onde diz ter sido banido injustamente das redes. Em um de seus posts, também compartilhado pelo vereador Carlos Bolsonaro em julho de 2018, ele diz que Bolsonaro era o único candidato da eleição que queria ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva preso.

 

O candidato a governador Eduardo Paes também foi alvo de uma das contas bloqueadas. Vanessa Navarro, noiva de Leonardo Rodrigues e assessora do deputado estadual Anderson Moraes (PSL-RJ), fez uma postagem em seu perfil pessoal no facebook, em outubro de 2018, quando Paes disputava o segundo turno eleitoral com o atual governador, Wilson Witzel (PSC-RJ), de uma foto dele ao lado do ex-presidente Lula e os ex-governadores Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão. Na legenda, as hashtags #PTNunca e #EduardoPaesNunca.

Post de Vanessa Navarro

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O Globo