PSOL quer que Defesa explique supersalário de brigadeiro
Foto: Pedro Ladeira/Folhapress
A bancada do PSOL na Câmara quer que o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, seja convocado para prestar esclarecimentos sobre a atuação do brigadeiro do ar David Almeida Alcoforado no Comando Sul das Forças Armadas dos Estados Unidos.
Os parlamentares protocolaram um requerimento de convocação do ministro da defesa na sexta (17), após matéria da Folha publicar vídeo em que o chefe do Comando Sul das Forças Armadas dos EUA, almirante Craig Faller, apresenta o trabalho de Alcoforado ao presidente Donald Trump dizendo que “os brasileiros estão pagando para ele vir para cá trabalhar para mim”.
No Comando Sul, Alcoforado é vice-diretor do J5, departamento que cuida de estratégia, diretriz política e planos. O salário, como lembrou Faller, pago pelo contribuinte brasileiro, ganhou um bom incremento após sua ida aos EUA.
No Brasil, ele ganhava R$ 29.101,70 brutos. Agora, seus proventos foram dolarizados: recebeu em abril US$ 9.535,46 (R$ 50,9 mil no câmbio de quinta, 16). Além disso, naquele mês recebeu R$ 10.314,64 em verbas indenizatórias. Os dados são do Portal da Transparência.
O vídeo com o momento está circulando furiosamente entre militares e diplomatas como uma suposta prova de como os EUA tratam seus aliados —particularmente o governo de Jair Bolsonaro, que prega o alinhamento automático e que tem em Trump um ídolo político.
“A afirmação de Feller, no entanto, aponta que a noção esdrúxula de uma dupla cadeia de comando sem violação do interesse nacional sequer é compartilhada pelos EUA”, diz o documento protocolado pelo PSOL.
”Cabe agora ao Ministro Fernando Azevedo e Silva explicar se o brigadeiro do ar Alcoforado trabalha para os EUA ou para o Brasil. Deve também esclarecer quais os objetivos desta presença do Comando Sul dos EUA, se ela permanecerá depois da afrontosa declaração de Feller, e de se é compatível com o que dispõe nossa Constituição sobre as Forças Armadas e nossa soberania”, segue o texto.