Adversários de Witzel comemoram afastamento
Foto: Wilton Junior / Estadão
Parlamentares reagiram ao afastamento do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, do cargo na manhã desta sexta-feira, 27. Pelas redes sociais, representantes da bancada do Estado, opositores e governistas comentaram a ação, que, além do governador, mira ainda o vice-governador, Cláudio Castro, e o presidente nacional do PSC, Pastor Everaldo.
Em nota, a defesa do governador disse receber “com grande surpresa” a decisão de afastamento do cargo, apontando que ela foi tomada “de forma monocrática” . “Os advogados aguardam o acesso ao conteúdo da decisão para tomar as medidas cabíveis”, afirma o texto.
Senador pelo Rio e adversário de Witzel nas eleições de 2018, Romário (PODE-RJ) destacou o fato do governador estar sendo afastado por suspeitas de irregularidades na saúde em plena pandemia. “O estado do Rio de Janeiro merecia um histórico melhor. Inclusive eu avisei, to c a minha consciência tranquila”, disse.
STJ afasta governador Witzel do cargo por suspeitas de irregularidades na saúde. Em plena pandemia, quando os governantes deveriam estar focados em salvar a população. O estado do Rio de Janeiro merecia um histórico melhor. Inclusive eu avisei, to c a minha consciência tranquila.
— Romário (@RomarioOnze) August 28, 2020
Aliados do presidente Jair Bolsonaro – que nos últimos meses se tornou desafeto do governador -, os deputados cariocas Otoni de Paula (PSC) e Luiz Lima (PSL) comemoraram o afastamento de Witzel. “O Rio de Janeiro amanhece sem Wilson Witzel no Governo. O governador caiu!!!! Nós CONSEGUIMOS”, escreveu de Paula, enquanto Lima afirmou que “Sextou” para Witzel.
O Rio de Janeiro amanhece sem @wilsonwitzel no governo. O governador caiu!!!!
Nós CONSEGUIMOS 👊🏽👊🏽👊🏽👊🏽— Otoni de Paula (@OtoniDepFederal) August 28, 2020
Sextou pro Witzel! O Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou, nesta sexta-feira (28), o afastamento imediato do governador Wilson Witzel (PSC) do cargo por irregularidades em contratos na saúde.
— Luiz Lima (@Oficialluizlima) August 28, 2020
O STJ também expediu mandados de prisão contra:
Pastor Everaldo, presidente do PSC;
Lucas Tristão, ex-secretário de Desenvolvimento Econômico;
Sebastião Gothardo Netto, médico e ex-prefeito de Volta Redonda.— Luiz Lima (@Oficialluizlima) August 28, 2020
Há ainda mandados de busca e apreensão:
contra a primeira-dama, Helena Witzel;
contra o presidente da Alerj, André Ceciliano (PT);
no Palácio Guanabara, sede do governo
desembargador Marcos Pinto da Cruz.— Luiz Lima (@Oficialluizlima) August 28, 2020
Deputado federal pelo Cidadania, Marcelo Calero (RJ) também usou as redes para comentar o caso. Calero lamentou uma nova operação contra líderes do Executivo e classificou a situação como “lamentável e triste”.
“Mais um governador afastado. A cúpula do poder mais uma vez na mira da PF. Políticos investigados por esquemas de corrupção na saúde, em plena pandemia! Um sujeito eleito com o discurso da moralidade! É lamentável e triste, mas parece q no Estado do RJ vivemos em looping eterno”, disse.
Mais um governador afastado. A cúpula do poder mais uma vez na mira da PF. Políticos investigados por esquemas de corrupção na saúde, em plena pandemia! Um sujeito eleito com o discurso da moralidade! É lamentável e triste, mas parece q no Estado do RJ vivemos em looping eterno.
— Marcelo Calero 🇧🇷🇧🇷🇧🇷 (@caleromarcelo) August 28, 2020
O deputado federal Sóstenes (DEM-RJ) também classificou o dia como “lamentável e triste”. “Há quase 2 anos os eleitores do Estado do Rio de Janeiro, elegeram o governador Wilson Witzel acreditando que era a melhor opção, em pouco tempo o que vimos nos causa desalento”. Sóstenes pontuou também que não votou em Witzel.
Há quase 2 anos os eleitores do Estado do Rio de Janeiro, elegeram o governador Wilson Witzel acreditando que era a melhor opção, em pouco tempo o que vimos nos causa desalento. Dia lamentável e triste! Só pra lembrar, eu não votei nele.
— Sóstenes (@DepSostenes) August 28, 2020
Oposição a Witzel no plano estadual e a Bolsonaro no plano federal, o deputado David Miranda (PSOL-RJ) aproveitou a operação contra o governador para lembrar do vínculo entre Witzel e o presidente durante a campanha eleitoral de 2018.
“O protofascismo que elegeu Witzel e Bolsonaro se valeu do combate à corrupção pra eleger milicianos, ladrões do dinheiro público e exploradores da fé do povo. Canalhas!”, escreveu. E completou: “É impressionante, são criminosos: os filhos do Bolsonaro, o melhor amigo do Bolsonaro, os vizinhos do Bolsonaro, o pastor que batizou o Bolsonaro, o governador que Bolsonaro elegeu. Mas o Bolsonaro não, né?!”
O protofascismo que elegeu Witzel e Bolsonaro se valeu do combate à corrupção pra eleger milicianos, ladrões do dinheiro público e exploradores da fé do povo. Canalhas!
— David Miranda (@davidmirandario) August 28, 2020
Também do PSOL, o deputado Marcelo Freixo (RJ) também aproveitou a operação no Estado para questionar o presidente Jair Bolsonaro. Freixo compartilhou uma foto de Pastor Everaldo batizando Bolsonaro no Rio Jordão e lembrou da relação dos dois – o presidente já foi filiado ao PSC. O parlamentar também questionou sobre os cheques depositados na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
“Witzel foi afastado porque usou o escritório de advocacia de sua esposa para receber propina. Isso me lembra de perguntar novamente: Bolsonaro, por que Queiroz depositou R$ 89 mil na conta de Michelle?”, escreveu.
Witzel foi afastado porque usou o escritório de advocacia de sua esposa para receber propina. Isso me lembra de perguntar novamente: Bolsonaro, por que Queiroz depositou R$ 89 mil na conta de Michelle?
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) August 28, 2020
A deputada Clarissa Garotinho (PROS-RJ) fez uma declaração crítica, afirmando que ninguém está acima da lei, “mesmo aqueles que se disfarçam por trás de uma Toga”. Clarissa também disse que “Nunca se viu na política uma ascensão e queda tão meteórica quanto a do governador Wilson Witzel, agora afastado do cargo pelo STJ”.
STJ afasta Wilson Witzel do Governo do Rio. A decisão mostra que ninguém está acima da Lei, mesmo aqueles que se disfarçaram por trás de uma Toga.
— Clarissa Garotinho (@dep_clarissa) August 28, 2020
Aliado do presidente, o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) afirmou que a operação “é só o começo do covidão” – como as investigações sobre desvios na saúde durante a pandemia vêm sendo chamadas pela bancada bolsonarista – e disse que “vem muito mais por aí”.
“É só o começo do “Covidão”. Ainda vem muito mais por aí e quem deve TEM QUE PAGAR! Todo câncer será extirpado e todos os inimigos tombarão. Um por um. Vamos ficar atentos com manobras das mais altas cortes, pois sabemos bem quais esferas estão envolvidas e como se blindam.”
No mesmo sentido de Silveira, o deputado Carlos Jordy (PSL-RJ) afirmou que o afastamento “é pouco” para o governador. “Witzel é afastado do cargo de Governador por suspeita de corrupção na saúde durante a pandemia. Afastado é pouco, o lugar dele é outro. Esse fio puxado vai chegar em muita gente da política ainda.”
A deputada Benedita da Silva (PT) não se manifestou diretamente sobre o afastamento do governador. No entanto, a parlamentar compartilhou postagens de seus seguidores que a apontam como a única governadora do Rio de Janeiro viva que não foi presa ou afastada do cargo. Uma das publicações compartilhadas pela deputada foi do também deputado federal Bohn Gass (PT-RS).
E vai aqui o meu abraço orgulhoso à mulher negra que veio da favela, e que é a única governadora do estado do Rio de Janeiro viva, que não foi presa ou afastada: @dasilvabenedita
A Benê do PT. pic.twitter.com/EYv2uKQ1ZY— Bohn Gass (@BohnGass) August 28, 2020