Aliados dos Bolsonaro temem movimentação financeira

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Foto: Reprodução

Aliados e até mesmo auxiliares próximos já demonstram preocupação com o desgaste político da família Bolsonaro diante da falta de uma explicação convincente sobre as movimentações financeiras do clã.

A percepção entre parlamentares da nova base aliada do governo Bolsonaro é a de que as investigações envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) reverberam sobre toda a família e enfraquecem o discurso de campanha do presidente Jair Bolsonaro de combate à corrupção e ataques à chamada “velha política”.

“Se até mesmo o presidente Bolsonaro não dá uma explicação convincente, não será a base que vai sair em defesa da família. No Palácio do Planalto, ninguém comenta o tema, mesmo com todo o desgaste. O efeito prático é que o governo ficará mais dependente da base no Congresso”, disse ao blog um influente parlamentar do chamado Centrão.
Desde sexta-feira (7), há expectativa de uma explicação objetiva de Bolsonaro e da esposa dele, Michelle Bolsonaro, sobre a revelação de que ela recebeu R$ 89 mil de Fabrício Queiroz e da esposa dele, Marcia Aguiar. O valor teria sido depositado por meio de 27 cheques, de 2011 a 2016, segundo revelou a revista “Crusoé”.

Mas, por enquanto, a estratégia do Palácio do Planalto tem sido o silêncio, já que as novas informações reveladas contradizem as justificativas anteriores da família Bolsonaro.

Ao mesmo tempo, o modus operandi da família Bolsonaro de utilizar dinheiro vivo em transações imobiliárias e no pagamento de despesas pessoais começa a causar desconforto até mesmo entre os integrantes da ala militar do governo.

As investigações envolvendo as movimentações financeiras do senador Flávio Bolsonaro acenderam o alerta entre aliados.

Como o Jornal Nacional mostrou nesta segunda-feira (11), o pagamento em dinheiro vivo não parece só uma preferência ocasional. É um hábito que atravessa duas gerações na família Bolsonaro.

Nesta quarta-feira (12), o jornal “O Globo” também informou que a família movimentou quase R$ 3 milhões em espécie, em valores corrigidos, durante 24 anos.

Segundo o jornal, Rogéria Bolsonaro, mãe de três filhos do presidente, usou dinheiro vivo para comprar um imóvel quando era casada com o então deputado Jair Bolsonaro, em 1996.

De acordo com o Ministério Público, em 5 de dezembro de 2008, Flávio Bolsonaro também usou R$ 86 mil em dinheiro vivo para comprar 12 salas comerciais no Rio.

O MP também afirma que, em novembro de 2012, Flávio e a mulher, Fernanda Bolsonaro, compraram dois imóveis em Copacabana que somam R$ 310 mil.

Os promotores descobriram que, na ocasião, o parlamentar transferiu o dinheiro para duas contas do vendedor. Mas, segundo a apuração do MP, naquele mesmo dia o vendedor também recebeu dois depósitos em dinheiro vivo, no valor total de R$ 638,4 mil.

Segundo o MP, os depósitos em espécie significam que parte do pagamento foi feita “por fora” pelo então deputado e a esposa. Os dois imóveis oficialmente custaram R$ 310 mil e foram vendidos um ano depois por R$ 1,123 milhão.

O Ministério Público do Rio já afirmou que, no mesmo período em que supostamente ocorria o chamado “esquema de rachadinhas” no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa, a conta bancária do então deputado estadual recebia depósitos fracionados em série.

Para os promotores, a prática tinha o objetivo de ocultar a origem do dinheiro.

Em outubro de 2018, fotos mostram o ex-assessor de Flávio, Fabrício Queiroz, na boca do caixa de uma agência na Assembleia Legislativa do Rio.

Queiroz é acusado de ser o arrecadador dos valores desviados da Alerj. O Ministério Público diz que o assessor levava um maço de dinheiro para pagar dois boletos da escola das filhas do parlamentar.

Os promotores afirmam não ter sido um caso isolado de pagamento da mensalidade com dinheiro que não veio da conta dos pais. Foram 53 boletos da escola pagos em dinheiro vivo, no valor de R$ 153 mil. Outros 63 boletos do plano de saúde da família do senador também foram pagos em dinheiro. A soma chega a R$ 108 mil.

O Ministério Público também suspeita que Flávio usou a loja de chocolates que tem em um shopping da Zona Oeste do Rio para lavar dinheiro.

Os promotores dizem que a entrada de recursos na empresa coincidia com datas em que Fabrício Queiroz arrecadava parte dos salários dos funcionários do gabinete. E que, de 2015 a 2018, a loja pode ter ajudado a regularizar o dinheiro que vinha da rachadinha.

A defesa de Flávio e de Fernanda Bolsonaro afirmou que todas as operações financeiras do senador e da família dele estão dentro da lei, que as informações sobre as compras e vendas de imóveis foram detalhadas ao Ministério Público e que todos os esclarecimentos já foram dados.

A defesa de Fabrício Queiroz declarou que vai se manifestar oportunamente nos autos de uma eventual ação penal.

G1