Auxílio emergencial alavanca Bolsonaro e afunda Guedes

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Foto: Eraldo Peres/AP

O maior prejudicado pela pesquisa Datafolha é o ministro da Economia, Paulo Guedes, em sua cruzada contra a expansão dos gastos do governo. Auxílio emergencial entre os mais pobres e moderação entre os mais ricos são as razões que a pesquisa aponta como as mais prováveis para a queda de dez pontos percentuais na rejeição do presidente Jair Bolsonaro.

Ainda que a manutenção do auxílio emergencial, benefício que custa hoje R$ 50 bilhões mensais, no atual patamar dos R$ 600 não seja viável, seu impacto sobre a popularidade do presidente faz com que uma porta de saída mais branda do que a desejada pelo ministro da Economia se torne imperativa.

A queda de dez pontos percentuais na rejeição do presidente é expressiva, mas está longe escancarar sua rota para 2022. O Datafolha mostrou que o patamar dos que o consideram “ruim e péssimo” caiu de 44% para 34%. Sob um patamar de rejeição (32%) abaixo do que é hoje registrado por Bolsonaro, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi incapaz de eleger o senador José Serra (PSDB) como seu sucessor em 2002.

Pesou contra FHC e seu candidato a onda que levou à eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A dois anos e dois meses da sucessão presidencial ainda não há pré-candidaturas que sinalizem potencial para reunir os campos adversários no centro e na esquerda e ofereçam uma alternativa ao grande eleitor bolsonarista de 2018, o antipetismo. Na véspera da eleição presidencial, o mesmo Datafolha apontava uma rejeição de 52% para o então candidato Fernando Haddad (PT) ante 45% de Bolsonaro.

A avaliação dos entrevistados sobre a condução da pandemia pelo presidente não foi divulgada, mas o padrão das pesquisas conduzidas durante o período traz uma curva aquém da avaliação geral. O que favorece o deslocamento entre as duas avaliações é a crescente apatia da população em relação à pandemia.

Instituto que mede o pulso da opinião pública pela movimentação em redes sociais, o Bytes aferiu uma queda substancial no interesse dos usuários pela pandemia. Em 21 de março, o interesse pelos termos da covid-19 chegou ao pico. No dia 11 de agosto, havia chegado ao fosso, com 5% daquele patamar de março. A despeito dos mais de 100 mil mortos, o cansaço da opinião pública em relação ao tema favorece a aposta de Bolsonaro num perfil balizado pela moderação e pelo auxílio emergencial.

Valor Econômico