Bolsonaro ofereceu a Amazônia a Trump
Foto: Andre Borges/NurPhoto via Getty Images
A “oferta” para que os Estados Unidos explorassem as riquezas da Amazônia feita por Jair Bolsonaro ao ex-vice de Bill Clinton, Al Gore, em janeiro do ano passado, foi a primeira, mas não a única vez em que isso ocorreu. O presidente fez o convite ao seu colega Donald Trump meses depois. E também o estendeu ao Japão.
“Temos muitas riquezas. E gostaríamos muito de explorá-las junto com os Estados Unidos”, ouviu Al Gore, hoje um influente ativista ambiental, de Bolsonaro, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. A frase sobre a Amazônia, presente no documentário “O Fórum”, havia sido publicada pela Folha de S.Paulo, no último dia 14, mas viralizou nas redes sociais nesta segunda (24).
Três meses depois, em abril de 2019, Bolsonaro afirmou à rádio Jovem Pan que fez o convite ao presidente norte-americano: “Quando estive agora com [Donald] Trump, conversei com ele, entre outras coisas, que eu quero abrir para ele explorar a região amazônica em parceria”. Logo depois, defendeu a teoria conspiratória de que territórios indígenas podem se tornar países independentes com a ajuda das Nações Unidas.
Em junho também do ano passado, afirmou que iria se reunir com o primeiro-ministro japonês e propor de “explorarmos a biodiversidade na região”.
“O que eles querem, o pessoal lá de fora, e alguns traidores aqui dentro, é fazer com que a Amazônia seja internacionalizada. Enquanto eu for presidente, pode ter certeza que não será”, afirmou no dia 21 de junho de 2019.
Ao recuperar indiretamente o lema da ditadura do “integrar para não entregar”, Bolsonaro não conta que a região já foi internacionalizada. E não é de agora. Desde a ditadura militar, a Amazônia foi conectada ao mundo através de cadeias produtivas de matérias-primas, alimentos e energia – o que não significou, necessariamente, melhora na qualidade de vida de populações tradicionais, camponeses e trabalhadores rurais.
Redação com Uol