Brasil quer tirar soldados que estão no Líbano
Foto: Hussein Malla/AP
O governo brasileiro vai avaliar se mantém a decisão de trazer de volta para o Brasil o navio que cumpre missão de paz da ONU, no Líbano, após a explosão que deixou um rastro de destruição na região portuária de Beirute, nesta terça-feira (4). “A decisão era encerrar a missão porque a Marinha tem poucos meios, os navios que vão para lá têm mais de 40 anos, há um esforço logístico enorme e há outras áreas prioritárias para o Brasil”, afirmou à CNN uma fonte do governo.
O governo brasileiro não descarta permanecer mais tempo e acredita que a ONU possa reconfigurar a missão. Fontes do governo avaliam que é preciso saber quais serão as novas necessidades do Líbano. A expectativa é que a ONU encaminhe uma inspeção ao local e faça recomendações ao Conselho de Segurança de ajuste da operação.
A fragata brasileira iria retornar ao Brasil até o fim deste ano. A aproximação do governo Jair Bolsonaro com Israel e também a falta de recursos no orçamento do Ministério da Defesa são apontadas como razão para a decisão de não integrar mais a missão de paz. O Brasil, por sua vez, nega qualquer pressão de Israel.
Desde 2011, o Brasil lidera a operação de paz, a única da ONU de caráter naval. Em julho do ano passado, a Marinha do Brasil apresentou, formalmente, ao Ministério da Defesa, a proposta para encerrar o emprego de navios e aeronaves na Força Tarefa Marítima. A justificativa formal considera “aspectos estratégicos, operacionais e logísticos, o previsto na Política Nacional de Defesa (PND) e Estratégia Nacional de Defesa (END), que delimitam o entorno estratégico brasileiro”.
A área considerada estratégica compreende a América do Sul, Atlântico Sul, Costa Ocidental da África e Antártica. Apesar de não constar nessa lista, há 10 anos o Brasil estava na missão no Líbano. A cada 6 meses havia substituição por um novo navio.
A ONU ainda não definiu qual país membro irá substituir o Brasil na missão. A missão de paz da ONU no Líbano foi criada em 1978, após a invasão israelense no sul do país árabe. Desde 2006, existe o grupo marítimo para o combate de contrabando na região. Neste período, França, Itália, Espanha e Inglaterra revezaram no comando.
A fragata brasileira conseguiu escapar da explosão no Porto do Líbano, por questão de horas, como revelou à CNN o contra-almirante da Marinha Sergio Renato Berna Salgueirinho.