Eleição em SP terá briga entre Doria e Bolsonaro

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Foto: Reprodução

As eleições municipais deste ano na capital paulista serão o primeiro embate nas urnas entre duas forças políticas da centro-direita: o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria. Dez nomes, entre eles o do prefeito Bruno Covas (PSDB), se articulam para disputar a preferência do eleitor conservador na cidade. Enquanto Doria tem em Covas seu candidato, Bolsonaro não pretende escolher um favorito na cidade. Sem partido, o presidente prefere colher os frutos de ter mais de um candidato falando em sua defesa.

Além dos nomes que simpatizam com Bolsonaro, o presidente deve se beneficiar daqueles que se posicionam como anti-Doria. É o caso do ex-governador Márcio França (PSB). França se classifica como “a direita da esquerda” e, embora discorde das posições de Bolsonaro, já deixou claro que seu alvo é Doria. “Minha vitória em São Paulo é a derrota do Doria e o fim da candidatura dele ao Planalto”, afirmou recentemente à “Folha de S.Paulo”.

Doria tem pretensão de se candidatar à Presidência em 2022, quando disputaria com Bolsonaro, que deve tentar a reeleição. O presidente foi eleito em 2018 com 68% dos votos válidos na capital paulista, no segundo turno, em cima de Fernando Haddad (PT). No mesmo ano, Doria sagrou-se governador mas perdeu na capital paulista para Márcio França. França teve preferência de 58% do eleitorado na cidade, e Doria, de 42%.

O governador paulista também entrou na mira do ex-aliado Filipe Sabará, pré-candidato do Novo à prefeitura paulistana. Sabará trabalhou nas gestões do tucano na prefeitura e no governo do Estado, mas conta ter se decepcionado com Doria por causa de ações de combate à pandemia. “O governo de São Paulo simplesmente mandou fechar tudo, no Estado inteiro, sem dar nenhum apoio à população pobre e aos empresários, nenhum abatimento de tributos. Quem se comportou como liberal de verdade foi o governo federal. Fez mais que o Estado e o município”, afirma Sabará, defensor do isolamento vertical, restrito a pessoas de grupo de risco.

O posicionamento de Sabará destoa da direção nacional do Partido Novo. A sigla tenta manter uma imagem de independência em relação a Bolsonaro e vem manifestando críticas ao presidente diante do avanço da covid-19 no país. Diplomático, o presidente nacional do Novo, Eduardo Ribeiro, diz que os pré-candidatos têm liberdade para emitir opiniões e se posicionar de acordo com a conjuntura local. Nos bastidores, porém, a guinada pró-Bolsonaro de Sabará está em análise, para se medir o risco de seguir com a estratégia.

No grupo daqueles que não têm receio de se associar a Bolsonaro estão os possíveis candidatos do PSD, o ex-tucano Andrea Matarazzo; do PTB, Marcos da Costa; do PRTB, Levy Fidelix; e do DC, Major Costa e Silva. Há ainda o MDB, nas figuras do articulador Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), e do tradicional quase-candidato José Luiz Datena, apresentador de televisão. O próprio Skaf chegou a ser cogitado como candidato bolsonarista na capital, mas declinou e tenta articular a candidatura de Datena ou de Matarazzo. A costura, da qual o presidente da República está a par, vem sendo feita entre Skaf e Gilberto Kassab, fundador e presidente nacional do PSD. Kassab garantiu a Matarazzo que ele será o candidato a prefeito pelo partido, mesmo que haja aliança com outras siglas.

Em sua 15ª eleição em 35 anos, Levy Fidelix aposta nos bolsonaristas fiéis. Promove lives de dois em dois dias em que ataca o PSDB e elogia o governo federal. Ele é fundador do partido do vice-presidente Hamilton Mourão. A centro-direita paulistana tem espaço ainda nestas eleições para os bolsonaristas arrependidos. É o caso do deputado estadual Arthur do Val, conhecido no YouTube como Mamãe Falei (Patriota) e da deputada federal Joice Hasselmann (PSL). Joice, que chegou a ser líder do governo Bolsonaro no Congresso antes de romper com o presidente, mantém desde 2018 uma amizade próxima com Doria.

Valor Econômico