Eleição terá mais candidatos experientes

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Foto: Reprodução/ Gazeta do Povo

As eleições para prefeituras pelo país terão este ano novamente a marca do “déjà-vu”. A maioria absoluta dos candidatos nas capitais será formada por nomes que já disputaram eleições. É o que mostra um levantamento feito pelo Valor junto aos cinco partidos que mais elegeram prefeitos na última disputa.

O levantamento foi feito com base em informações prévias das direções do MDB, PSDB, PSD, Progressistas e PSB. Juntos eles elegeram no primeiro turno de 2016 59,55% dos 5.457 prefeitos eleitos.

A opção por candidatos experimentados têm sido regra na política, embora em 2016, eleitores tenham dado um recado claro. Em dois dos maiores colégios eleitorais do país, São Paulo e Belo Horizonte, venceram candidatos que até então eram novatos nas urnas: João Doria (PSDB) e Alexandre Kalil (PSD).

Em 2018, estreantes também fizeram sucesso em eleições para governador. O Rio de Janeiro elegeu o ex-juiz federal Wilson Witzel e Minas Gerais, o empresário Romeu Zema (Novo).

Este ano, o PSDB terá candidatos em 18 capitais. Desses, os novatos são Luisa Barreto (Belo Horizonte), Paulo Marinho (Rio de Janeiro), Edson Lau (Curitiba, se o partido confirmar sua candidatura) e Kleber Montezuma (Teresina). Em Cuiabá, o PSDB está para decidir entre três nomes – dois deles de novatos nas urnas.

No caso do PSD, das 12 capitais em que deve disputar, em apenas duas – Salvador (Eleusa Coronel) e em Boa Vista (Haroldo Cathedral) – há pré-candidatos estreantes.

Campeão de voto em 2016, com 1.034 prefeitos eleitos no primeiro turno em 2016, o MDB é outro que seguirá a tradicional receita de apostar em candidatos com recall.

O partido, que se prepara para disputar capitais de norte a sul do país, tem um “outsider” em Maceió (o ex-promotor do Ministério Público de Alagoas e ex-procurador geral de Justiça Alfredo Gaspar de Mendonça Neto) e outro em João Pessoa (o radialista Nilvan Ferreira).

“Partidos políticos, em geral, têm dificuldade de se renovar”, lembra Cláudio Couto, coordenador do mestrado em Gestão e Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas em São Paulo.

A dificuldade tem, muitas vezes, a ver com o fato de que o controle da burocracia partidária costuma ficar por anos nas mãos das mesmas lideranças e os espaços para nomes alternativos se limitam por uma razão simples: novos nomes podem, eventualmente, ganhar força e escantear velhos caciques. Geraldo Alckmin e seu ex-apadrinhado João Doria são bom exemplo dessa guinada, diz Couto.

“Existe, então, um certo dilema nos partidos: renovar-se com novos nomes ou ficarem com as lideranças de sempre e correrem o risco da esclerose”, afirma o acadêmico.

É certo que não há uma fila na porta dos diretórios partidários de engenheiros, administradores, agricultores, acadêmicos, empresários, gente de fora da política, querendo ser candidato. Mas é certo também, diz Couto, que os partidos, em sua maioria, não fazem um grande esforço de abertura.

Luisa Barreto, servidora pública de 36 anos, candidata tucana em Belo Horizonte, diz que o primeiro desafio, como novata em eleições, é se fazer conhecida – ainda mais neste ano de pandemia. Mas a aposta do partido foi pela novidade, pela renovação e por um nome técnico. “Não ter nunca participado de eleições tem seus ônus e seus bônus”, resume ela, que terá de enfrentar o favorito Kalil, prefeito em busca de reeleição.

Em Salvador, outra novata nas urnas poderá ser a aposta do PSD. “Sou um nome novo, sem máculas, que vai somar”, diz a pré-candidata Eleusa Coronel, que tem sobrenome político do marido, o senador Angelo Coronel. Ele era a opção do PSD, mas preferiu apoiar a esposa.

Pelo PSB, o único pré-candidato nas capitais que nunca disputou eleições, é Élcio Batista, de Fortaleza. Doutorando em sociologia, foi secretário da Casa Civil de Santana e tem carreira em gestão e ensino.

Dos cinco partidos que mais elegeram prefeitos em 2016, apenas o Progressistas informou não ter ainda uma lista pronta de possíveis novatos nas capitais.

Afora os cinco, o Novo é um dos que destoam. Disputará dez capitais e em oito delas terá candidatos estreantes. No PT, entre os poucos estreantes este ano, a major da Polícia Militar Denice Santiago, pré-candidata em Salvador, é um dos destaques. Outro novato do partido é o advogado e professor Paulo Opuska, em Curitiba.

Valor Econômico