Facebook plagia TikTok
Foto: LOIC VENANCE / AFP
O aplicativo de compartilhamento de fotos Instagram, do Facebook, está lançando um clone do app TikTok em mais de 50 países, uma semana depois que o CEO Mark Zuckerberg defendeu as estratégias de imitação de softwares utilizadas pela empresa para os legisladores dos EUA em uma audiência antitruste no Congresso.
O produto, chamado Reels, permite que as pessoas editem clipes de 15 segundos em conjunto com músicas, como no TikTok. Ele será incorporado ao Instagram nos EUA e em outros lugares, informou a empresa na quarta-feira.
O Reels chega depois do Instagram Stories, ferramenta para postar vídeos e fotos que desaparecem, que foi inspirada no Snapchat.
A novidade não é a primeira tentativa do Facebook de desafiar o TikTok. O Lasso, do Facebook, um aplicativo separado com recursos semelhantes que foi testado em mercados limitados, foi encerrado no mês passado depois de não ter conquistado audiência.
Já o Reels pode vingar, pois está sendo lançado no momento em que a existência do TikTok nos EUA está sendo desafiada pelo presidente Donald Trump.
O TikTok, de propriedade da ByteDance, com sede na China, enfrenta uma possível proibição nos EUA ou uma potencial cisão e venda à Microsoft Corp.
Trump e outras autoridades dizem que o TikTok é uma ameaça à segurança nacional porque o governo chinês pode ter acesso aos dados dos americanos. O TikTok negou repetidamente as alegações.
O Facebook já lançou o Reels em outros países, incluindo a Índia, após a proibição do governo do TikTok por lá.
– De certa forma, o timing é uma coicidência – disse Vishal Shah, diretor de produto do Instagram, em entrevista a repórteres. – Tínhamos a sensação de que o produto tinha muito potencial e descobrimos rapidamente que isso estava repercutindo nas pessoas.
A pressão de Trump levou alguns criadores de conteúdo no TikTok a redirecionar seu público para o Instagram, esperando um futuro mais estável, caso o software seja banido do mercado americano.
O Facebook se beneficia da incerteza, mesmo no momento em que os órgãos reguladores investigam a empresa por possíveis violações da lei antitruste – particularmente sua prática de comprar e copiar concorrentes.
De acordo com documentos divulgados pelo Congresso, em 2012 Zuckerberg ficou mais interessado na prática depois de observar que os concorrentes chineses se moviam rapidamente para introduzir novos produtos com usos já comprovados.
Os vídeos do Reel serão exibidos na guia Explorar do Instagram, onde as pessoas podem ver o conteúdo das contas que ainda não estão seguindo.
A ByteDance disse que a cópia do Facebook, bem como suas alegações de que os aplicativos de propriedade chinesa podem não estar tão comprometidos com a segurança dos dados ou com a liberdade de expressão, equivalem a “plágio e difamação”.
Mas a Bytedance também não inventou o pequeno formato de vídeos curtos. Ele foi popularizado pelo Vine, o aplicativo de propriedade do Twitter, lançado em 2013 e encerrado antes da ascensão do TikTok.