Queiroz usou esquema ilegal por Flavio

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Foto: Reprodução

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) afirmou em entrevista exclusiva ao GLOBO publicada nesta quarta-feira ter ficado sabendo pelo depoimento de Fabrício Queiroz ao Ministério Públicio do Rio que seu ex-assessor pegava o dinheiro de outros membros de seu gabinete para fazer a subcontratação de terceiros para trabalharem em redutos eleitorais onde ele tinha força. A prática, no entanto, é proibida pela Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).

Em março do ano passado, logo após depoimento por escrito de Queiroz onde ele justificava depósitos de outros assessores em sua conta, a Alerj divulgou nota em que citava a proibição dessa prática entre as regras da Casa. Segundo a Alerj, nos gabinetes, o deputado é o gestor de sua equipe, sendo responsável por determinar horários de trabalho, fiscalizar a frequência e atestar as folhas de ponto.

“Não é permitido aos servidores ou aos gestores fazer qualquer tipo de negociação sobre sua carga horária envolvendo pagamentos em dinheiro. Também não é permitida a contratação de qualquer funcionário sem sua nomeação, que é publicada no Diário Oficial do Legislativo, e a apresentação de documentos para formalização do vínculo. Estas nomeações são solicitadas pelos deputados e publicadas no DO pela Mesa Diretora”, diz a nota.

Ao GLOBO, Flávio admitiu ter perdido o controle sobre as ações de Queiroz.

— Talvez tenha sido um pouco relaxado de não olhar isso mais de perto, deixei muito a cargo dele. Mas é obvio que, se soubesse que ele fazia isso, jamais concordaria. Até porque não precisava, meu gabinete sempre foi muito enxuto, e na Assembleia existia a possibilidade de desmembrar cargos — afirma.

Na Alerj, o desmembramento é regulado por resolução da Mesa Diretora: os 20 cargos da estrutura de cada gabinete podem ser desmembrados em até 40, mas todos precisam ser formalizados.

No depoimento por escrito, Queiroz disse que fazia o “gerenciamento” de valores recebidos por servidores do gabinete do então deputado, assim como coordenava “os trabalhos e demandas” para expandir as redes de contato e de colaboradores do parlamentar.

Queiroz afirmou ainda que, por ter a confiança e autonomia dadas por Flávio Bolsonaro, nomeava assistentes no gabinete por julgar certo que a melhor maneira de “intensificar a atuação política seria a multiplicação dos assessores da base eleitoral”, gerenciando os valores que cada um destes recebia mensalmente, sem precisar dar satisfações a Flávio sobre a “arquitetura interna do mecanismo que criou”. E que seus superiores não tinham qualquer conhecimento de sua atuação.

O Globo