Flavio Bolsonaro “explica” ao MPF gastos em dinheiro vivo
Foto: Jorge William / Agência O Globo
O senador Flávio Bolsonaro tentou explicar ao Ministério Público do Rio a origem do dinheiro em espécie que foi utilizado por ele e sua família para pagar diferentes despesas pessoais ao longo dos anos. Além disso, afirmou aos promotores que forneceu dinheiro para pagamentos de despesas feitos por assessores. Nesses casos, admitiu também que usava dinheiro vivo e que “pegava” em sua “lojinha”.
Os promotores questionaram o pagamento de R$ 30 mil em dinheiro feito ao empresário David Macedo Neto durante a compra de um apartamento em um condomínio na Avenida Lucio Costa, na Barra da Tijuca, por R$ 2,55 milhões, em 2014. Flávio explicou que o pagamento foi feito para quitar a aquisição de alguns móveis dentro do apartamento. Questionado por qual razão não fizera uma transferência eletrônica para o pagamento, o senador respondeu:
— Eu tinha uma coisinha guardada em casa, preferi fazer desse jeito.
O promotor Luis Fernando Ferreira Gomes perguntou então:
— Uma coisinha, 30 mil?
O senador respondeu que “é só isso que ele declarou aí”.
Questionado se tinha mais dinheiro vivo em casa, Flávio afirmou que “provavelmente não” e “não guardava tanto dinheiro em casa”. Pouco antes, no depoimento, o promotor Eduardo Carvalho tinha lhe perguntado se guardava dinheiro em casa, e ele respondeu:
— Guardo para despesas pequenas pessoais só, doutor Eduardo. Vou chutar aqui, devo ter R$ 8 mil em casa, de vez em quando. Não vou juntando dinheiro em casa, não.
Os promotores também perguntaram se o senador recebeu dinheiro de seus assessores e se pediu que eles efetuassem pagamentos em seu nome. Ele negou que tivesse recebido recursos de assessores e disse que lhes forneceu dinheiro para fazerem pagamentos.
— Então, muitas das vezes eu mesmo fazia o pagamento. Às vezes, com o cartão, às vezes em espécie, às vezes pedia para algum secretário meu pagar, ou podia ser o Queiroz, esporadicamente, pode ser que tenha acontecido isso — disse. —Quando eu mandava alguém pagar, era em espécie.
Sobre a origem do dinheiro, o senador disse que sacava ou fazia retiradas de sua loja.
—Sacava da minha conta ou pegava também dinheiro em espécie lá na minha lojinha que eu tenho. Recebi dinheiro em espécie por ocasião da venda de um imóvel, isso tá declarado na escritura, em Laranjeiras. A origem era essa, do dinheiro que eu pagava em espécie — contou.
Flávio disse desconhecer a contratação de assessores extraoficiais, versão de Queiroz.
— Que eu saiba, não. Jamais permitiria —disse.
Os promotores perguntaram então se Queiroz teria mentido.
— Pode ser verdade (a versão de Queiroz), mas se eu soubesse, não permitiria — afirmou Flávio.