Pior momento da pandemia terá recuo do PIB de até 10%
Foto: Kaio Lakaio/VEJA
A Covid-19 desembarcou no país em fevereiro, mas as políticas de isolamento e o alastramento da doença de forma mais agressiva pelo território nacional deu-se em meados de março — portanto, já no último mês do primeiro trimestre do ano. A conta veio: uma queda de 1,5% do Produto Interno Bruto, o PIB, no período. Como consequência da necessária paralisação das atividades, o pior momento da pandemia foi sentido no segundo semestre deste ano. E aquilo que foi vivenciado de forma turva pelos brasileiros começa a ser traduzido por números. O Ministério da Economia projeta um rombo entre 8% e 10% nos meses de abril a junho. A informação foi divulgada nesta terça-feira, 18, pela Secretaria de Política Econômica.
O resultado oficial do PIB do país será divulgado apenas em setembro, quando, dado o cenário, o país entrará formalmente em recessão técnica, quando o país apresenta crescimento negativo por dois trimestres consecutivos. “No primeiro trimestre, muitas das grandes economias registraram quedas expressivas do produto trimestral, mas inferiores a 10%. No segundo trimestre, as quedas foram ainda mais impactantes com muitos países registrando valores acima de 10%”, escreveram os técnicos do Ministério da Economia, justificando que a paralisação das atividades foi a principal responsável pelos resultados. O governo empenhou mais de 500 bilhões de reais e estima que o déficit primário neste ano resultará em um rombo de 787,4 bilhões de reais.
Mas nem tudo é tão turvo. Apesar dos resultados tenebrosos, o cenário é melhor do que se pintava anteriormente. Termômetro do Banco Central usado para medir como está a atividade econômica no país, o IBC-Br, divulgado na sexta-feira 14, indica que a economia segue em recuperação gradual. Após tombo recorde em abril e recuperação em maio, o índice cresceu 4,89% em junho em relação ao mês anterior, que a reabertura gradual de setores não fez com que o ponto mais agudo da queda da atividade provocada pelo coronavírus ficasse para trás. A economia gradual, a alta se deve uma base de comparação deprimida, já que em abril, mês marcado pela escalada de casos e endurecimento das medidas de distanciamento social, o IBC-Br caiu 9,73%, pior resultado da série histórica e a recuperação em maio foi tímida, de 1,31%.
O entendimento dentro do Ministério da Economia é de que, apesar de como perspectivas ainda serem catastróficas, o país já passou pelo momento mais duro da crise econômica. O Instituto Fiscal Independente, o IFI, estima que o mercado está se recuperando da pancada sofrida no início da pandemia e avalia que o baque para a economia do país será menor que previa-se. O instituto aponta que o PIB do país deve retrair 6,5% ao final do ano.