Prisão de Bannon é pior para Bolsonaro que para Trump

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Foto: Stefano Montesi/Corbis/Getty Images

A prisão de Steve Bannon, ex-conselheiro do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, consegue, por incrível que pareça, ser pior para o bolsonarismo do que para o trumpismo. Conhecido por espalhar teorias conspiratórias de extrema-direita, o marqueteiro, após ter sido elevado ao posto de estrategista-mor, foi expurgado por Trump. Acabou adotando a família Bolsonaro, que o tratou sempre com pompas e circunstâncias. O filho Zero Três, deputado Eduardo Bolsonaro, virou não só amigo, mas seu representante na América Latina para promover ideias e candidaturas ultraconservadoras aos governos da região.

Ou seja, enquanto os Trumps se afastaram de Bannon, os Bolsonaros se aproximaram. O estrategista é o grande amigo internacional do parlamentar brasileiro, integrante da família presidencial mais cotado para assumir o espólio político do pai no futuro. Na verdade, Bannon é mais que amigo de Eduardo Bolsonaro. É o chefe da organização The Movement, de extrema direita, da qual o filho Zero Três é membro emérito e articulador. A projeção de Eduardo Bolsonaro no exterior se dá justamente através de Steve Bannon.

Agora às voltas com a acusação de desvio de dinheiro levantado dentro da campanha “Nós Construímos o Muro” – promessa de Trump de edificar a divisória entre Estados Unidos e México -, Bannon se encontra negativamente nos holofotes, o que enfraquece todo o seu projeto de ver o ultranacionalismo se erguer pelo mundo afora, ganhando voos não só nos EUA, mas na Europa e na América Latina.

Mas o que isso tem a ver com o Brasil? Particularmente, fortalece o esforço de coibir, através do inquérito das fake news em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF), esse comportamento ativista e, muitas vezes criminoso, da extrema direita nas redes sociais. E – o mais importante – jogar luz nas redes obscuras de financiamento da máquina de ódio e disseminação das notícias falsas. Bannon é dono de uma rede de sites de desinformação e sua atuação nebulosa na áreas das mídias sociais inspira movimentos no Brasil.

Com todos os encontros e aconselhamentos para a família Bolsonaro (entenda as ligações na coluna Maquiavel), Bannon agora saiu do posto de mentor para o de mais um problema. Mesmo que a arrecadação privada para o muro, alvo de investigação que o levou ao xilindró nesta quinta-feira, 20, não tenha nada ver com o Brasil, sua atuação ao longo dos anos poderá ser foco de possíveis novos inquéritos, avisam os jornais americanos.

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