Prisão de secretário de SP prolonga inferno astral tucano

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Foto: Roberto Casimiro / Agência O Globo

A prisão nesta quinta-feira pela Polícia Federal do secretário estadual de Transporte Metropolitano, Alexandre Baldy, é a terceira sacudida que o governo João Doria leva em sua equipe, ao abrigar suspeitos de envolvimento com corrupção.

A primeira delas veio com o então secretário da Casa Civil, Gilberto Kassab, que era dos auxiliares mais próximos do governador e dos mais influentes na formação do governo. Depois foi a vez do presidente da Investe SP, Aloysio Nunes Ferreira, levado ao governo por Doria num gesto de aproximação com a ala histórica do PSDB.

Nos dois casos, o roteiro usado por Doria após as denúncias foi o mesmo. Num jogo ensaiado com o governador, os auxiliares deixaram seus cargos para se defender longe dos gabinetes do governo. Doria foi eleito com a bandeira do combate aos corruptos. A manutenção em sua equipe de qualquer pessoa que ponha esse discurso à prova é custoso politicamente para o governador.

Esse foi o cálculo feito à época e tudo indica que será feito mais uma vez. Embora os fatos investigados sobre Baldy não tenham relação com o governo de São Paulo, o nome de Doria estampado em todos os sites nesta manhã desagradou o tucano, que não esconde ter projetos eleitorais para 2022. Depois de ter acesso a informações mais detalhadas sobre as acusações contra seu subordinado, pronunciou-se de forma protocolar em uma rede social: “Tenho confiança de que Baldy saberá esclarecer os acontecimentos e colaborar com a Justiça”.

O episódio de Baldy tem potencial de estrago ainda maior para Doria, mesmo que não envolva administrativamente sua gestão. Baldy foi retirado de sua casa nesta manhã preso, o que não ocorreu com Kassab nem Aloysio. Kassab é réu num processo em que é acusado de ter recebido uma mesada da JBS entre 2010 e 2016 e Aloysio é investigado num esquema de propina da Odebrecht por integrantes do governo paulista na gestão José Serra. Ambos negam as acusações.

O vice-governador Rodrigo Garcia é o único integrante do governo chamuscado por denúncias de corrupção que continua no cargo. Ele foi citado no ano passado em delação como beneficiário de desvio de recursos do metrô quando era deputado estadual. Garcia nega e, depois do governador, é o homem mais poderoso do governo paulista.

O Globo