2a onda de covid19 na Europa mata menos que aqui
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Há alguns meses com a Covid-19 sob controle, a Europa, que já foi o epicentro da pandemia no mundo, volta a olhar com preocupação os números da doença. Por lá, alguns países testemunham um aumento expressivo no número de casos, a famosa “segunda onda”. No último sábado (26/9), por exemplo, o velho continente somou 69.356 novas infecções, 83,5% a mais do que em 4 de abril, quando chegou a 37.794, o maior patamar até então.
O levantamento foi feito pelo (M)dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, com base nos balanços do Ministério da Saúde e do Our World in Data, site que reúne informações da pandemia em todo o mundo.
A preocupação é tamanha que a Organização Mundial de Saúde (OMS) até emitiu um alerta sobre o contágio na região. No entanto, apesar de os casos estarem em alta, impulsionados por países como Espanha, França e Reino Unido, o número de mortes se mantém estável, em baixos níveis, diferentemente do que aconteceu em março.
“Temos uma situação muito séria diante de nós”, afirmou Hans Kluge, diretor regional da OMS para a Europa, em comunicado à imprensa. “Embora esses números reflitam testagens mais abrangentes, eles também mostram taxas alarmantes de transmissão em toda a região”, disse.
Do outro lado do oceano, o Brasil vive situação diferente, mas ao mesmo tempo preocupante. Em relação às novas infecções, o país está há 21 dias abaixo de toda a Europa. As mortes, por outro lado, são superiores desde 25 de maio. Para se ter dimensão da realidade, o Brasil tem 67,5 mortes para cada 100 mil habitantes. Em todo o continente europeu — formado por 50 países –, a taxa é de 29,7. Em números absolutos, no entanto, o continente ainda está a frente do Brasil: são 222.115 óbitos contra 142.058.
“O cenário que a gente tem visto é que o número de pessoas suscetíveis na população ainda é muito grande. O vírus encontra dificuldade em manter as taxas de transmissão altas enquanto as pessoas estão usando medidas de proteção. Com a queda do distanciamento social, o retorno das atividades, a diminuição do uso de medidas de higiene e biossegurança, faremos com que o vírus ganhe espaço. Vamos ficar nesse período de subidas e descidas por algum tempo”, explicou Jonas Lotufo Brant De Carvalho, infectologista e professor da Universidade de Brasília (UnB).
“A tendência é que no Brasil, assim como na Europa, entremos nessa dinâmica de ondas”, afirmou continuou.
A Espanha voltou a ser o país mais atingido, com média de 10.920 novos casos por dia na última semana, e já se discute um novo “lockdown” no país. Enquanto nenhuma decisão mais severa foi tomada, as restrições aumentaram, como por exemplo, o uso de máscaras por qualquer pessoa com mais de seis anos em transportes e espaços públicos, inclusive ao ar livre.
Nos últimos 7 dias, outros tristes recordes foram batidos: o Reino Unido e a França registraram o maior total diário de casos desde o início da pandemia. A Alemanha, seguindo o mesmo caminho, teve o maior número de novos casos desde abril.