67 congressistas disputam prefeituras

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Foto: RAFAELA FELICCIANO/METRÓPOLES

A propaganda eleitoral das Eleições 2020 está permitida a partir deste domingo (27/9), quando os candidatos já podem aparecer na televisão, na internet e em santinhos. Alguns rostos da corrida deste ano, entretanto, já são conhecidos: ao menos, 65 parlamentares – 63 deputados federais e dois senadores – devem disputar as eleições municipais, que, em virtude da pandemia da Covid-19, foram adiadas para 15 de novembro, o primeiro turno, e 29 de novembro, o segundo turno. É o menor índice das últimas duas décadas.

Dessa lista, 18 são mulheres. Além disso, um senador e um deputado federal disputam a eleição suplementar ao Senado por Mato Grosso, totalizando 67 parlamentares candidatos (confira o quadro abaixo).

Até o fim do prazo para registro de candidatura no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nesse sábado (26/9), 63 parlamentares já haviam confirmado a participação, enquanto quatro deles estavam pendentes. Contudo, o órgão segue processando as informações.

A expectativa inicial levantada pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP) de que a eleição de 2020 poderia ter presença recorde de parlamentares não se confirmou. Nesta disputa, a quantidade de políticos postulantes é menor do que a de 2016, quando 83 se candidataram, e a de 1992, com 88 na corrida.

Com 10 candidatos, o PT é a legenda com mais parlamentares nos pleitos municipais, seguido do PSL, com seis congressistas. Republicanos, PSD e PSB, com cinco, cada. PSol, PSDB, PROS e Podemos terão quatro deputados, cada, na disputa.

Tradicionalmente conhecido por lançar muitos parlamentares como candidatos, MDB conta apenas com três postulantes.

Ao todo, 18 dos 67 parlamentares que vão disputar as eleições municipais são mulheres – isso corresponde a 26% dos congressistas. Esse percentual é maior do que os 15% de representação feminina no Parlamento.

Com quatro candidatas, o PT é a sigla com maior número de mulheres no pleito. PSol e PP vêm em seguida, com três e duas, respectivamente.

Com exceção das deputadas Luiza Erundina (PSol), que pretende ser vice em São Paulo, e Edna Henrique (PSDB-PB), também na corrida para vice, em Monteiro, as demais são postulantes ao cargo de prefeita.

Erundina, aliás, disputa a prefeitura da capital paulista com a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP). Outro embate de candidatas ocorre no Rio de Janeiro, entre Benedita da Silva (PT-RJ) e Clarissa Garotinho (PROS-RJ).

A cidade de São Paulo é a capital que reúne a maior quantidade de parlamentares na corrida eleitoral – são cinco, ao todo. Além de Joice e Erundina, estão na disputa os deputados Celso Russomano (Republicanos-SP), Orlando Silva (PCdoB-SP) e Carlos Zarattini (PT-SP), este último como vice-prefeito.

Em seguida, aparecem Belém, com outros quatro – Cássio Andrade (PSB-PA), Edmilson Rodrigues (PSol-PA), Vavá Martins (Republicanos-PA) e José Priante (MDB-PA) –, e o Rio de Janeiro, com três deputados postulantes – Luiz Lima (PSL-RJ), Benedita da Silva e Clarissa Garotinho.

O Recife terá disputa emblemática. Os dois deputados na corrida – João Campos (PSB-PE) e Marília Arraes (PT-PE) – são da mesma família, porém adversários políticos.

Apenas dois dos 81 senadores vão disputar as eleições municipais: Jean Paul Prates (PT-RN), candidato a prefeito em Natal, e Vanderlan Cardoso (MDB-GO), em Goiânia. O número, o mesmo de 2016, é menor do que o de participações nas demais eleições municipais das últimas duas décadas.

Tanto o petista quanto o emedebista estão no segundo ano de mandato. Cardoso foi eleito em 2018, enquanto Prates, suplente desde 2014, assumiu a vaga deixada por Fátima Bezerra (PT-RN), quando ela assumiu o Governo do Rio Grande do Norte em 2018.

Além de Prates e Cardoso, que disputam o pleito municipal, o senador Carlos Fávaro (PSD-MT) entrou na corrida e vai tentar a vaga suplementar no Senado destinada a políticos do estado de Mato Grosso. Terceiro colocado na eleição de 2018, Fávaro assumiu o posto deixado pela senadora cassada Juíza Selma (Podemos-MT).

O ex-senador e atual deputado federal José Medeiros (Podemos-MT) também entrou na briga pela vaga para voltar à Casa Alta.

O mandato de Selma foi cassado por caixa 2 e abuso de poder econômico após ela ter sido eleita em 2018 na esteira da onda bolsonarista. O pleito, que estava marcado para abril, acabou sendo adiado pela Justiça Eleitoral por causa da Covid-19.

Especialistas ouvidos pelo Metrópoles convergiram na avaliação de que a baixa quantidade de parlamentares na corrida deste ano é reflexo da eleição de 2018, quando 46 das 54 vagas em disputa no Senado foram ocupadas por novos senadores – o que representa renovação de 85%. Na Câmara, esse índice foi de 47% – ou seja, entre os 513 deputados, 243 são novatos.

“Aqueles que disputam eleições municipais são os que têm alto nível de concentração eleitoral em cidades. O padrão mudou: muitos parlamentares foram eleitos com perfil de tema, de nicho, de segmento, e menos regional”, pondera Felipe Nunes, cientista político da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

O cientista político Guilherme Reis, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), corroborou o entendimento do colega mineiro e acrescentou que “candidatos com mais facilidade e popularidade com as mídias sociais ou já estabelecidos tendem a se beneficiar” neste pleito.

Outro ponto que merece destaque é a participação feminina. “O percentual de parlamentares mulheres na disputa em relação ao de mulheres no Parlamento pode indicar nova tendência. Isso é muito bom, pois ainda há uma sub-representação feminina”, avalia Reis. “Há uma mudança clara no envolvimento das mulheres”, acrescenta Nunes.

O cientista político da UFMG, por sua vez, destaca que há um padrão interessante na questão partidária.

“O PT foi o partido que mais perdeu em 2016, e uma das estratégias da cúpula este ano é reconstruir e reposicionar sua imagem perante o seu eleitorado. Por isso, a importância de pegar seus parlamentares e montar uma estrutura para eles disputarem as eleições municipais. Os prefeitos têm buscado se candidatar com menor custo de imagem possível e, com isso, acabam fugindo para partidos menores”, pontua.

Metrópoles