Câmara não consegue instalar comissão contra Flordelis

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados

Por falta de acordo, a Câmara dos Deputados adiou a análise da retomada do funcionamento de comissões durante a pandemia, entre as quais o Conselho de Ética e a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A análise do projeto de resolução estava prevista para esta quarta-feira (9).

Os colegiados estão parados desde março a fim de evitar aglomerações devido à pandemia do coronavírus. Somente o plenário está se reunindo, em sessões remotas pela internet.

Segundo parlamentares ouvidos pelo G1, a oposição não concordou com o retorno da CCJ, o que permitiria o início da tramitação da proposta de emenda à Constituição (PEC) da reforma administrativa, enviada pelo governo na última semana.

Outro ponto de divergência são as modificações regimentais previstas no projeto de resolução, que, segundo alguns parlamentares, dariam “superpoderes” aos presidentes das comissões.

Uma das mudanças altera o rito de tramitação para que os prazos regimentais durante a pandemia sejam contados em dias úteis, e não mais por sessões. A regra só não afetaria o Conselho de Ética, que já contabiliza prazos em dias úteis.

“O retorno das comissões, nos moldes do projeto de resolução, diminuiria as prerrogativas dos membros desses colegiados, concentrando nas mãos dos presidentes das mesmas as decisões sobre prazos procedimentais, fora do regimento. E diminuiria, ainda mais, os mecanismos de luta da oposição”, argumentou o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), líder do partido.

Além disso, uma indefinição sobre quem assumirá a presidência dos colegiados reabertos também foi citada como um entrave para a votação. Acordo fechado com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), no ano passado previa que PSL, PDT, MDB e Republicanos revezariam o comando da CCJC entre 2019 e 2022.

Com um mandato mais curto, até fevereiro do próximo ano, ainda não há definição de qual sigla assumirá neste ano. No Conselho de Ética, como a presidência tem mandato de dois anos, permanece no posto o deputado Juscelino Filho (DEM-MA).

Mesmo com a discordância sobre a CCJ e as novas regras em tramitação, deputados da oposição afirmam que há acordo para a retomada do Conselho de Ética.

“Há meses cobramos a instalação do Conselho de Ética devido à participação de parlamentares, como Eduardo Bolsonaro, em manifestações antidemocráticas. Importante que ela possa ser instalada para dar respostas à sociedade”, disse a líder do PSOL, Sâmia Bomfim (SP).

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) responde a duas representações no colegiado por quebra de decoro parlamentar.

O adiamento do retorno do Conselho de Ética não impacta diretamente o processo de Flordelis, que ainda depende de parecer da Corregedoria da Câmara antes de chegar ao colegiado. A parlamentar foi notificada nesta quarta-feira e terá um prazo regimental para apresentar sua defesa.

O corregedor, deputado Paulo Bengston (PTB-PA) deve precisar de duas semanas para concluir o relatório e enviá-lo à Mesa Diretora. Só então, o processo passa à análise da Comissão de Ética.

O projeto de resolução foi construído pela Mesa Diretora da Câmara no último dia 1º, após reunião para tratar do caso da deputada Flordelis (PSD-RJ), acusada de ser mandante do assassinato do marido.

Para que a parlamentar sofra qualquer sanção pelo caso dentro da Câmara, o processo precisa ser analisado pelo Conselho de Ética. Se os deputados entenderem que houve quebra de decoro, Flordelis pode ser punida até com a perda do mandato.

G1