Economia brasileira tem maior queda já registrada
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O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro teve queda de 9,7% no 2º trimestre de 2020 na comparação com o 1º trimestre, trazendo os impactos mais agudos da pandemia do coronavírus. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (1) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em relação a igual período de 2019, o PIB caiu 11,4%. Ambas as taxas foram as quedas mais intensas da série histórica, iniciada em 1996. No acumulado dos quatro trimestres terminados em junho, houve queda de 2,2% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores.
A expectativa era de que o PIB brasileiro tivesse registrado um recuo de 9,2% no segundo trimestre na comparação com os três primeiros meses do ano, de acordo com projeção mediana em pesquisa Bloomberg. Na comparação anual, a expectativa era de baixa de 10,7%, segundo a pesquisa Bloomberg.
O IBGE ainda revisou os dados do PIB do primeiro trimestre de queda de 1,5% para de 2,5%.
Em valores correntes, o PIB do no segundo trimestre de 2020 totalizou R$ 1,653 trilhão, sendo R$ 1,478 trilhão em Valor Adicionado (VA) a preços básicos e R$ 175,4 bilhões em Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios.
A taxa de investimento no segundo trimestre de 2020 foi de 15,0% do PIB, ficando abaixo da observada no mesmo período de 2019 (15,3%).
No 1º semestre de 2020, o PIB caiu 5,9% em relação a igual período de 2019. Nesta comparação, houve desempenho positivo para a agropecuária (1,6%) e quedas na indústria (-6,5%) e nos serviços (-5,9%).
Já na comparação trimestral, entre os segmentos, a maior queda foi na indústria (-12,3%), seguida por serviços (-9,7%). A agropecuária apresentou variação positiva de 0,4%.
Entre as atividades industriais, destacam-se as quedas nas indústrias de transformação (-17,5%), na construção (-5,7%), na atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (-4,4%) e nas indústrias extrativas (-1,1%).
Nos serviços, os resultados negativos foram: outras atividades de serviços (-19,8%), transporte, armazenagem e correio (-19,3%), comércio (-13,0%), administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (-7,6%), Informação e comunicação (-3,0%). Por outro lado, houve resultado positivo nas atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (0,8%) e nas atividades imobiliárias (0,5%). Pela ótica da despesa, a Formação Bruta de Capital Fixo (-15,4%), a despesa de consumo das famílias (-12,5%) e a despesa de consumo do governo (-8,8%) caíram em relação ao trimestre imediatamente anterior.
Já as exportações de bens e serviços cresceram 1,8%, enquanto as importações de bens e serviços recuaram 13,2% em relação ao primeiro trimestre de 2020.
Comparação com segundo trimestre de 2019
Já na comparação anual, entre as atividades, a agropecuária cresceu 1,2%, em relação a igual período de 2019, o que pode ser explicado, principalmente, pelo desempenho de alguns produtos da lavoura que possuem safra relevante no segundo trimestre e pela produtividade, afirma o IBGE.
A indústria teve queda de 12,7%, a mais intensa da série histórica, nesta mesma basede comparação. A atividade indústrias de transformação teve o pior resultado (-20,0%), outro recorde negativo da série histórica, influenciado, principalmente, pelo recuo na fabricação de veículos; de outros produtos de transporte; de máquinas e equipamentos; e na indústria têxtil e de artigos de vestuário.
O segundo recuo mais intenso veio da construção (-11,1%), corroborada pela redução da ocupação e da produção de seus insumos.
A atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos apresentou queda de 5,8%, explicada pela queda da economia como um todo. Em contrapartida, as indústrias extrativas apresentaram variação positiva de 6,8%, com um aumento da extração de petróleo. A extração de minérios ferrosos continua a cair, porém em taxas menores.
Já serviços caiu 11,2% em relação ao mesmo período de 2019, a maior queda já registrada na série histórica. Os piores resultados foram em outras atividades de serviços (-23,6%) e transporte, armazenagem e correio (-20,8%). Houve quedas em comércio (-14,1%), administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (-8,6%) e Informação e comunicação (-3,2%). Por outro lado, atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (3,6%) e atividades imobiliárias (1,4%) apresentaram resultados positivos.
A despesa de consumo das famílias teve contração de 13,5%, índice que representa a maior queda registrada na série histórica. Este foi o segundo resultado negativo desta comparação após 11 trimestres de avanço. O índice pode ser explicado pelo isolamento social no país, proibição de funcionamento de algumas atividades especialmente de serviços prestados às famílias, além queda da massa de salarial no país no segundo trimestre de 2020, aponta o Instituto.
A formação bruta de capital fixo recuou 15,2% no segundo trimestre de 2020 em relação ao mesmo período de 2019. A queda é justificada pelos resultados negativos registrados tanto na produção interna de bens de capital quanto na construção. A despesa de consumo do governo teve queda de 8,6% em relação ao segundo trimestre de 2019.
No setor externo, as exportações de bens e serviços cresceram 0,5%, enquanto as importações de bens e serviços recuaram 14,9% no segundo trimestre de 2020.