Joice atua para tornar irreversível candidatura pelo PSL

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Foto: Marcos Alves / Agência O Globo

Diante da pressão para retirada de sua candidatura pelo pré-candidato Celso Russomano (Republicanos), a deputada Joice Hasselman (PSL-SP) decidiu correr contra o tempo e foi nesta terça-feira a primeira a apresentar o seu pedido de registro de candidatura à prefeitura de São Paulo na Justiça eleitoral.

A um dia do prazo das convenções partidárias, o Republicanos tenta sua última cartada: costurar uma aliança para Russomano. O partido ligado à Igreja Universal passou os últimos dias negociando um acordo para ter o PSL como vice. Aliados de Russomanno ainda tentam convencer o alto escalão do ex-partido de Jair Bolsonaro a recuar do nome da deputada.

O PSL de São Paulo resistiu aos avanços, diz que a campanha de Joice está sendo tocada normalmente.

Apesar da enorme pressão fora e dentro do próprio partido para que a candidatura de Joice, desafeta do presidente Jair Bolsonaro, fosse retirada, a avaliação da executiva nacional do PSL foi é que seria “desmoralizante” para Joice, e para o próprio partido, voltar atrás após o nome da deputada ser oficializado em convenção partidária.

Hoje, dos políticos com mandato com expressão nacional, apenas o deputado federal Junior Bozzella e o senador Major Olimpio estão mergulhados na campanha de Joice. A maioria do partido, inclusive membros da executiva nacional do PSL, é a favor da reaproximação com Bolsonaro e de uma relação pacífica com o Planalto. Mas a abrupta retirada de Joice do pleito em São Paulo, ponderam dirigentes do PSL, demonstraria insegurança dentro do próprio partido e subserviência ao Planalto, o que vai contra a estratégia do partido, que pretende disputar a presidência da Câmara dos Deputados, com Luciano Bivar (PE), presidente nacional da legenda.

Em agosto, após Bolsonaro cogitar o retorno para o PSL, Bivar disse ao GLOBO que uma eventual volta ao partido teria que passar não só pelo crivo da executiva nacional, mas pelo da bancada de deputados em Brasília.

Russomanno se encontrou com Bolsonaro diversas vezes nas últimas duas semanas. Presidente do Republicanos, Marcos Pereira intensificou os telefones nas últimas semanas para o deputado Júnior Bozzella, presidente estadual da sigla. O deputado estadual Altair Moraes, do Republicanos, estaria participando da negociação.

Seu partido é base do governo Doria na Alesp, mas estaria disposto a romper e migrar para o lado de Bolsonaro. Major Mecca é o cotado pela ala bolsonarista do PSL para a vice de Russomanno. Além de desafeto de Doria, ele representa a classe policial.

A estratégia de emplacar um vice do PSL ao candidato do Republicanos traria benefícios a Bolsonaro em três frentes: tirar o Republicanos da base de João Doria na Alesp, emplacar uma candidatura competitiva na eleição de SP e fortalecer Marcos Pereira para substituir Rodrigo Maia na presidência da Câmara. Próximo aos filhos de Bolsonaro, o vice-presidente do PSL, Antônio Rueda, estaria por trás dessa articulação.

Antes de assediar o PSL, Russomanno tentou várias articulações (com PSDB, MDB e até o PTB) porque sempre considerou importante a questão do tempo de TV. No entanto, nenhuma das empreitadas deu certo, e ele pode acabar numa chapa pura de forma isolada. A única opção então seria o apoio de Bolsonaro.

O Globo