Outro Weintraub recebe boquinha do governo
Foto: Reprodução
O assessor especial do presidente Jair Bolsonaro Arthur Weintraub deixou o governo oficialmente. A exoneração do irmão de Abraham Weintraub foi publicada no “Diário Oficial da União” (DOU), publicada na madrugada desta terça-feira (22).
Arthur anunciou que deixaria o cargo no último dia 15 de setembro para assumir um cargo na Organização dos Estados Americanos (OEA).
Em vídeo gravado ao lado de Arthur Weintraub, Bolsonaro desejou sorte ao assessor e disse que “as portas estão abertas” quando ele quiser retornar. Na gravação, o assessor diz que atuará em um cargo “na área do direito”, sem especificar qual função vai desempenhar.
Abraham Weintraub, irmão mais velho de Arthur, deixou o Ministério da Educação em junho para assumir um cargo de indicação do Brasil no Banco Mundial. Por conta do novo emprego, o ex-ministro se mudou para Washington, capital dos Estados Unidos – onde também fica a sede da OEA.
“Estou triste porque vou deixar o cargo, aqui, de assessor do presidente Bolsonaro. Quero dizer para ele que foi uma honra, de coração, foi uma honra ter trabalhado com o senhor, essa oportunidade que o senhor me deu. Estou indo para a OEA, cargo de direito, na área do direito”, diz o assessor no vídeo.
O G1 pediu mais informações ao Palácio do Planalto e ao Ministério das Relações Exteriores sobre a indicação. Mas o governo não enviou resposta.
Vídeo com Bolsonaro
No vídeo, similar ao que gravou com Abraham Weintraub em junho, Bolsonaro agradece aos irmãos pela ajuda na campanha e no governo.
“Dizer que dois anos antes das eleições, o Arthur e seu irmão acreditaram na gente. Fizemos uma viagem para o Japão, Coreia do Sul e Taiwan. Também conversamos muito em um momento que quase ninguém acreditava na gente. E tivemos o sucesso da eleição. Para chegar é uma coisa, fazer um bom governo é outra”.
A eventual indicação de Arthur Weintraub não será a primeira alteração nos rumos da relação entre o Brasil e a OEA, principal órgão de integração entre os países das Américas.
Há 20 dias, o secretário-geral da organização, Luís Almagro, barrou a permanência do brasileiro Paulo Abrão na função de secretário-executivo da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
Abrão assumiu a função em 2016 e chegou a ser reeleito para permanecer no posto até 2024, mas o resultado foi desconsiderado pela OEA. Antes, Paulo Abrão tinha sido presidente da Comissão Brasileira de Anistia nos governos Lula e Dilma.
O Ministério das Relações Exteriores, que apoiou a reeleição de Almagro em março, não emitiu qualquer nota pública sobre a destituição de Abrão do comando da CIDH.
O veto ao brasileiro foi baseado, segundo o secretário da OEA, em “dezenas” de denúncias de violações de direitos feitas por funcionários da organização. O teor das denúncias não foi divulgado, e os casos não foram julgados até o momento.
Luis Almagro afirmou que a “seriedade e gravidade das reclamações” não permitiram a continuidade dele no cargo, e lamentou que as denúncias tenham “demorado a chegar ao seu conhecimento”.
Segundo reportagem do jornal O Globo, após a reeleição de Almagro neste ano, circulou em Brasília e Washington a informação de que Arthur Weintraub assumiria uma das secretarias da OEA, subordinadas diretamente ao uruguaio.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos representa todos os Estados-membros da OEA, mas atua de maneira autônoma. A comissão é o principal órgão de direitos humanos do continente e analisa anualmente milhares de petições de cidadãos e instituições das Américas.
Em julho, por exemplo, a comissão acionou o governo Jair Bolsonaro para cobrar proteção aos indígenas durante a pandemia.
Em agosto, a CIDH fez outro apelo ao Brasil com relação à Covid-19 – desta vez, relacionado ao contágio nos presídios.