Parlamentares racistas atacam cotas no Magazine Luiza

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Leandro Fonseca

O anúncio feito pela empresa Magazine Luiza de abrir um processo seletivo de trainee apenas para candidatos negros dividiu a internet neste sábado e ficou entre os assuntos mais comentados no Twitter. Entre opiniões favoráveis e contrárias, a proposta recebeu também o repudio de alguns políticos, que vão apresentar representações contra a iniciativa no Ministério Público.

Os deputados federais Carlos Jordy (PSL-SP) e Daniel Silveira (PSL-RJ) foram alguns dos críticos ao processo seletivo. Jordy chegou a comentar um post da Magazine Luiza nas redes sociais, onde a empresa reafirma a legalidade da iniciativa.

 

A alegação dos parlamentares bolsonaristas é de que a lei 7.716/89, que trata de crimes por preconceito racial, proíbe que seja negado emprego em empresa privada por conta de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

A alegação é a mesma do vereador Fernando Fernando Holiday (Patriota – SP), membro do Movimento Brasil Livre (MBL), que também criticou a empresa Bayer por também ter aberto um programa de trainee exclusivo para profissionais negros.

 

Quem defende a iniciativa usa como uma das fundamentações o artigo 39 da lei 12.288/10, que institui o Estatuto da Igualdade Racial. O texto prevê a promoção de ‘ações que assegurem a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho’, atingida com ‘a adoção de políticas e programas de formação profissional, de emprego e de geração de renda voltados para a população negra’.

O influenciador Felipe Neto usou suas redes para declarar apoio à Magazine Luiza e criticar quem diz não entender a necessidade de políticas compensatórias. ‘Prefere ficar vendo vídeo de Terra plana e teoria da conspiração’, escreveu.

 

A pré-candidata à prefeitura do Rio de Janeiro Benedita da Silva (PT-RJ), primeira senadora negra no Brasil, parabenizou a empresa pelo processo seletivo. ‘É totalmente necessário inserir jovens negros e negras no mercado e dar oportunidade de desenvolvimento’ afirmou.

 

Esta não é a opinião do presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo. Em seu Twitter, ele afirmou que a empresa terá que fazer uma‘ análise do fenótipo dos candidatos, prática identificada com o nazismo’. Carmago defendeu a judicialização do assunto, afirmando ser ‘preciso que a revoltante iniciativa seja cancelada, por força da lei, o quanto antes’.

 

Após a repercussão do assunto, o ator Bruno Gagliasso postou um longo texto em seu Instagram a respeito do racismo onde afirmou ‘que acesso à educação e ao primeiro emprego é a compreensão de que algo precisa ser feito para a base da pirâmide avançar e assim possamos, efetivamente juntos, construir uma sociedade mais justa e solidaria’.

O Globo