Procurador da Lava Jato dará consultoria a empresas

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Geraldo Bubniak/Agência O Globo

O procurador aposentado Carlos Fernando dos Santos Lima, que foi um dos líderes da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, agora quer ajudar empresas a garantirem a conformidade das operações e, assim, evitarem visitas surpresa da Polícia Federal em seus escritórios. Em sociedade com o auditor Roberto Leonel de Oliveira – ex-presidente do Coaf -, ele vai prestar consultoria em compliance, investigações internas, governança corporativa e acordos de leniência. Ambos são aposentados do serviço público.

Carlos Fernando atuou na Lava-Jato entre 2014 e 2018, período em que atuou como um dos porta-vozes da força-tarefa, ao lado de Deltan Dallagnol – que deixou recentemente a operação, alegando problemas pessoais. Assim como o colega, Carlos Fernando costumava manifestar sua opinião, por meio das redes sociais, sobre assuntos relativos ao combate à corrupção.

Leonel também atuou na Lava-Jato, mas como chefe da área de inteligência da Receita Federal. Entre janeiro e agosto do ano passado, foi presidente do Coaf, por indicação do então ministro da Justiça, Sergio Moro. Ele deixou o cargo em meio à crise envolvendo o compartilhamento de dados do órgão de controle, que acabou transferido para a jurisdição do Banco Central.

Com a eclosão da Lava-Jato, em junho de 2014, muitas empresas, especialmente as de maior porte, correram para incrementar suas áreas de compliance. A melhoria dessas operações, inclusive, consta em acordos de leniência firmados com grupos que participaram dos desvios investigados na operação. Além disso, uma série de processos licitatórios passaram a exigir políticas mais robustas de conformidade.

Para Carlos Fernando, o compliance representa uma forma de estabelecer uma nova identidade das organizações. “Isso acaba se tornando um diferencial dentro do mercado que é extremamente competitivo. A implementação do programa em uma organização vai assegurar a existência de um controle maior nos processos, que serão capazes de mitigar riscos e atuar na verificação de práticas mais transparentes de atuação que é o que a sociedade como um todo espera de todas as empresas”, ele argumenta.

O ex-procurador lembra ainda que o estabelecimento de políticas claras de conformidade também protege executivos e colaboradores de eventuais responsabilizações equivocadas. Na Lava-Jato, grandes empresas chegaram a ter quase toda a diretoria implicada em acusações de corrupção, com vários executivos fazendo acordos de delação premiada. Algumas tiveram até que mudar de nome, devido ao grande desgaste sobre a marca.

“O compliance é algo que veio para ficar, não somente um elemento essencial para o sucesso de uma empresa, mas também como uma ferramenta importante para a preservação de sua imagem e de sua própria existência. Em tempos de grandes operações de combate de lavagem de dinheiro e corrupção, agir de modo ilegal, como vem sendo descoberto, pode significar risco para a manutenção de um negócio”, reforça Roberto Leonel.

Valor Econômico