Toffoli bajulou militares e Bolsonaro em sua gestão
Foto: Adriano Machado/ Reprodução
“As anotações dos historiadores deverão registrar a contribuição do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, para o atual clima de incertezas”, afirmou este Blog, em março de 2019. A observação continua valendo, confirmada por fatos que se agravaram.
Sua gestão ficará marcada pelo respaldo ao retrocesso institucional ocorrido no país. Em dois anos, a democracia recuou décadas.
Antes de assumir a presidência do STF, Toffoli convidou o general Fernando Azevedo, atual ministro da Defesa, para assessorá-lo em seu gabinete. O objetivo de Toffoli seria exercer no Supremo o papel de articulador entre a farda e a toga.
A iniciativa foi tomada no “cenário conturbado pela campanha eleitoral de um candidato à Presidência da República que instigava membros da corporação militar, elogiava torturadores e pregava o armamento da população”, como este site antecipou.
O candidato foi eleito e fez o que anunciou durante a campanha.
O presidente Jair Bolsonaro esvaziou a pretensão de Toffoli de vir a ser o mediador entre os Três Poderes.
Bolsonaro liderou um grupo de empresários em constrangedora visita de surpresa à Suprema Corte. Estava acompanhado do general Azevedo, com quem também sobrevoou de helicóptero uma manifestação contra o Judiciário.
Azevedo foi substituído no gabinete de Toffoli pelo general Ajax Porto Pinheiro.
No final da administração Toffoli, o general Pinheiro foi nomeado pelo novo presidente do STJ, ministro Humberto Martins, para ocupar a Secretaria-Geral da Corte.
Ou seja, o Tribunal da Cidadania, sob nova direção, reproduz o modelo de militarização na cúpula do Judiciário.
Toffoli já disse que não houve golpe militar em 1964. Agora, diz que nunca viu da parte de Bolsonaro e de seus ministros “nenhuma atitude contra a democracia”.
Toffoli revelou-se um presidente despreparado, sem liderança entre os pares e entre juízes de instâncias inferiores, além de autoritário.
Promoveu devassas e suspendeu investigações por meio de decisões monocráticas. Mudou o regimento do CNJ sem debate público, beneficiou um desembargador amigo. Abusou de regalias do cargo e não foi transparente.
Como este Blog já observou, “o homem da rua deve se perguntar o que levou o presidente do STF a se sentir tão poderoso”.
Um registro necessário: Toffoli nunca restringiu o livre exercício da crítica neste espaço.
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Os posts a seguir –distribuídos em 10 práticas– atestam alguns momentos de sua gestão.
- Toffoli estimula a militarização
https://blogdofred.blogfolha.uol.com.br/2020/05/07/quando-o-capitao-atravessou-a-praca/
https://blogdofred.blogfolha.uol.com.br/2019/10/14/a-farda-na-administracao-federal/
https://blogdofred.blogfolha.uol.com.br/2019/03/29/dias-toffoli-e-o-golpe-de-1964/
https://blogdofred.blogfolha.uol.com.br/2018/09/24/general-assessor-de-toffoli-apoia-bolsonaro/
https://blogdofred.blogfolha.uol.com.br/2018/09/20/toffoli-apresenta-general-aos-ministros/
- Toffoli adota estilo imperial
- Toffoli assume papel indevido de “conciliador” entre Poderes
- Toffoli promove devassa
- Toffoli muda regimento interno do CNJ e beneficia amigo
https://blogdofred.blogfolha.uol.com.br/2018/10/22/os-trampolins-do-cnj/
- Toffoli não divide plantão judicial
- Toffoli tem cardápio exclusivo e omite acompanhantes em voos da FAB
- Toffoli concilia com tribunal que não cumpre determinações do CNJ
- Toffoli faz viagens com comitiva sem divulgação prévia de agenda
- Toffoli pretende controlar uso de redes sociais por magistrados