Wassef diz que delator é “missil teleguiado”

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Foto: Reprodução/ IstoÉ

O advogado Frederick Wassef, ligado à família Bolsonaro, foi alvo de busca e apreensão na manhã de ontem, após pedido dos procuradores da Lava-Jato do Rio ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio. Wassef foi citado na delação do empresário Orlando Diniz, ex-presidente da Fecomércio RJ.

Em relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), em julho deste ano, foi apontado que o escritório de Wassef recebeu um total de R$ 2, 6 milhões da Nagib Eluf Sociedade de Advogados. Ao todo, foram seis pagamentos entre 2016 e 2017.

Wassef defendia o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) até junho deste ano no caso das rachadinhas no MP-RJ. Ele saiu depois que Fabrício Queiroz foi preso em sua casa em Atibaia (SP), no interior de São Paulo. Para o MPF, foram desviados do sistema Sesc-RJ e Senac-RJ um total de R$ 4,5 milhões, dos quais, quase a metade no pagamento de honorários a Wassef.

Segundo o pedido de busca e apreensão, Diniz relatou na colaboração premiada que o escritório da procuradora Luiza Eluf foi “contratado para coordenar sindicâncias internas relativas a vazamentos já em andamento”. Ele teria sido indicado por Marcelo Cazzo. Diniz afirmou aos procuradores que Luiza Eluf “indicou Frederick Wassef para tratar do objeto do contrato, atuando em nome do escritório dela” e que “acredita que Frederick Wassef não podia ser contratado diretamente porque a esposa dele era dona de uma empresa de tecnologia de informação com problemas na justiça”.

A operação denominada E$quema S, uma parceria do Ministério Público Federal (MPF) com a Polícia Federal (PF) e Receita Federal, fez busca e apreensão em 50 endereços no Rio, São Paulo e Brasília, incluindo as firmas dos envolvidos e outros escritórios e empresas.

Wassef disse que o delator Orlando Diniz está sendo usado como “míssil teleguiado” para lhe atingir, a mando de outros advogados concorrentes. Em nota, ele afirmou que nunca recebeu pagamentos indevidos ou cometeu irregularidades.

Wassef recebeu a Polícia Federal (PF) em sua casa, no bairro do Morumbi, em São Paulo. “No dia de hoje foi cumprido um mandado de busca e apreensão em minha residência no Morumbi, assustando meus pais idosos que moram comigo e não podem ter contato com ninguém pela questão da pandemia. Não houve a apreensão de nada. O mesmo se sucedeu em meu escritório”, disse ele, em nota.

O advogado cita que não foi denunciado e nem tem relação com qualquer esquema ilícito no Sistema S. Ele diz ter sido contratado por um “renomado escritório de advocacia criminal de São Paulo que tem como dona uma conhecida procuradora, cuja biografia é um exemplo de integridade”.

“Todos os meus serviços, de todos os clientes, foram prestados. Meus honorários foram declarados à Receita Federal e todos os impostos pagos na totalidade. Após dois anos e meio de investigação, não fui denunciado”, continuou. Ele disse ser um cliente “aprovado pelo rigoroso compliance” de diversas instituições financeiras e também dos próprios clientes.

Segundo Wassef, Diniz foi orientado por “advogados inescrupulosos” a mentir a seu respeito, com o objetivo de “atender o interesse de um outro cliente em comum”. Ele diz já ter feito denúncias “a uma autoridade pública” sobre a “engenharia criminosa que estava sendo montada” – e que os fatos já estão em apuração. Luiza Nagib Eluf não quis se pronunciar.

Valor Econômico