ABL se horroriza com queima de livros por bolsonaristas

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Foto: Antonio Ribeiro/VEJA

Nesta quinta-feira, 1, a Academia Brasileira de Letras (ABL) divulgou um comunicado em resposta ao vídeo que circula nas redes sociais em que dois idosos queimam livros do escritor Paulo Coelho. Em nota de repúdio, a instituição, da qual o autor faz parte, diz que “dar fogo aos livros traduz um símbolo de horror” e “evoca um passado de trevas”.

A nota ainda faz menção à destruição das bibliotecas de Alexandria e Sarajevo e às práticas censórias do nacional-socialismo. “A linguagem do ódio é redundante e perigosa. Devemos promover, sem hesitação, os marcos civilizatórios e a cultura da tolerância”, acrescenta.

O vídeo em questão, no qual um casal de idosos ateia fogo em edições de O Alquimista e Veronika Decide Morrer, veio em resposta ao posicionamento político de Coelho, crítico do presidente Jair Bolsonaro. Enquanto queima o exemplar de Veronika na churrasqueira, a mulher diz que já é o décimo livro do autor que é destruído e que ele se trata de um “traíra, sabotador e lesa-pátria”.

Em seu Twitter, o autor ironizou a situação: “Não. Primeiro compraram, depois queimaram. E o bigodinho do cara não deixa esconder a origem da ideia.” O idoso do vídeo ao qual o autor se refere estiliza o bigode à semelhança de Adolf Hitler. Em setembro, Paulo Coelho virou alvo de bolsonaristas ao escrever – e, posteriormente, apagar – que o “boicote às exportações brasileiras ou o taleban cristão controlará o país”. O comentário foi salvo por internautas, que logo iniciaram uma campanha de difamação contra o escritor e levaram seu nome aos assuntos mais comentados da rede social.

Em resposta, Coelho tuitou em inglês: “Governantes não entendem que, mesmo podendo destruir a oposição, ela não deixa de existir. Corte a grama e ela ficará mais forte”. Em seguida, ironizou ao alterar a biografia de sua conta para “Eremita online / deleto tuítes”.

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