Bolsonaristas iam apoiar privataria da Saúde, mas “mito” recuou

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Foto: Erasmo Salomão/MS

Após ter surpreendido os secretários da Saúde (conforme mostrou a Coluna) com o decreto que autorizava estudos para conceder as UBS à iniciativa privada, Jair Bolsonaro também pregou peça em sua base. Quando os liberais e os governistas encaixavam discurso para defender a medida, o presidente recuou. Quase simultaneamente, o Ministério da Saúde enviava nota à Coluna defendendo a proposta, alegando se tratar de pedido da pasta. “A avaliação conjunta (com a Economia) é de ser preciso incentivar a participação da iniciativa privada”.

A nota do ministério de Eduardo Pazuello demorou 24 horas desde o questionamento da Coluna para ser respondida. O ministro ficou “vendido” em mais um episódio, observam governistas.

Antes da decisão de Bolsonaro, o líder do governo na Câmara e ex-ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR), havia dito: “Isso já está presente há anos e anos no SUS, o decreto é só para organizar. Vamos parar de frescura. É como ocorre com as filantrópicas, as OSs. Não são instituições privadas?”

O líder do Novo na Câmara, Paulo Ganime (RJ), lamentou. “O decreto era positivo, não tem nenhuma relação com acabar com o SUS. A grande questão é como fazer esse serviço chegar à população.”

Na comunidade médica também houve desagrados. “A decisão de revogar o decreto que explora a concessão de UBS é mais uma oportunidade desperdiçada pelo Brasil de ganhar investimento e eficiência para o SUS”, disse Claudio Lottenberg, presidente do Instituto Coalizão Saúde.

A ideia da oposição era criar onda suprapartidária para encurralar Bolsonaro. Durou pouco. Com o recuo, ele saiu derrotado, mas desarmou o plano.

A deputada Bia Kicis (PSL-DF) rebateu. “Vitória de Pirro. A Saúde anda terrível, há quanto tempo é difícil conseguir um atendimento de qualidade? Vitória para mim é ver o sistema funcionar”, disse.

Secretários da Saúde acham que o recuo é momentâneo: o tema voltará para a agenda.

Estadão