Bolsonaro radicaliza e agora nega compra de vacina

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Foto: Anderson Riedel/PR/Arquivo

O presidente Jair Bolsonaro reafirmou nesta quarta-feira, em uma postagem em suas redes sociais, que não irá comprar a vacina contra covid-19 produzida pela China. Conhecido por ser um “negacionista” da ciência, dessa vez o presidente utilizou o argumento de que a imunização precisa ser “comprovada cientificamente pelo Ministério da Saúde” e “certificada pela Anvisa” para ser disponibilizada para população.

“Para o meu governo, qualquer vacina, antes de ser disponibilizada à população, deverá ser comprovada cientificamente pelo Ministério da Saúde e certificada pela Anvisa. O povo brasileiro não será cobaia de ninguém”, afirmou Bolsonaro. “Não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que sequer ultrapassou sua fase de testagem. Diante do exposto, minha decisão é a de não adquirir a referida vacina”, acrescentou.

 

O anúncio do presidente desautoriza a declaração feita ontem pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, a governadores, em que relatou a assinatura de protocolo de intenções para adquirir 46 milhões de doses da CoronaVac, vacina que está sendo produzida pelo Instituto Butantan e pelo laboratório chinês Sinovac. Bolsonaro está em atrito com o governador de São Paulo, João Doria, que está envolvido no desenvolvimento da vacina chinesa junto ao Instituto Butantan.

O acordo do Ministério da Saúde foi fechado durante reunião de Pazuello com governadores. A compra só seria realizada após a vacina receber um registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A expectativa do Ministério da Saúde era de que 186 milhões de doses fossem disponibilizadas ainda no primeiro semestre de 2021, somadas as três vacinas em análise — AstraZeneca, Covax e Butantan-Sinovac.

No comunicado, Pazuello informou que as doses seriam distribuídas a todo o Brasil por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI). “Temos a expertise de todos os processos que envolvem esta logística, conquistada ao longo de 47 anos de PNI. As vacinas vão chegar aos brasileiros de todos os Estados”, garantiu o ministro.

Mais cedo, Bolsonaro já havia escrito no Facebook que o Brasil não iria comprar vacina contra covid-19 produzida na China. Em uma reposta a um comentário no Facebook em que a usuária pede a exoneração de Pazuello, Bolsonaro responde que “tudo será esclarecido ainda hoje (quarta-feira)”. “Não compraremos a vacina da China”, acrescenta o presidente em letras maiúsculas.

 — Foto: Reprodução/Facebook

Também mais cedo, Bolsonaro enviou mensagens a parlamentares — um deles é a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) — com o seguinte teor:

Alerto que não compraremos uma só dose de vacina da China, bem como o meu governo não mantém qualquer diálogo com João Dória (sic) na questão do Covid-19.

 

Na última segunda-feira, Bolsonaro disse a apoiadores que a vacina contra a covid-19 não será obrigatória. Momentos antes, Doria havia afirmado que a vacinação no Estado seria obrigatória a todos que não apresentassem qualquer restrição médica.

Hoje, o governador de São Paulo teria pela manhã uma encontro com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que acabou sendo cancelado.

Doria está em Brasília e teria reuniões com Maia, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, e com o presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres. Pelo menos por enquanto, os encontros de Doria com as demais autoridades estão mantidos

Valor Econômico